Se vocĂŞ pensa que Ă© sĂł o Brasil que tem fundamentalistas propondo boicotes a marcas como O Boticário, está completamente enganado. Nos Estados Unidos diversos clientes da Nike começaram a botar fogos em seus materiais esportivos desde que a companhia lançou um comercial com Colin Kaepernick, um jogador de futebol americano conhecido por protestar contra a violĂŞncia policial com a população negra no paĂs.
First the @NFL forces me to choose between my favorite sport and my country. I chose country. Then @Nike forces me to choose between my favorite shoes and my country. Since when did the American Flag and the National Anthem become offensive? pic.twitter.com/4CVQdTHUH4
— Sean Clancy (@sclancy79) September 3, 2018
Tudo começou ainda em 2016, quando Kaepernick era jogador da NFL e decidiu se agachar durante o hino nacional dos EUA que tocava antes de uma de suas partidas, em protesto contra a violĂŞncia policial contra os negros no paĂs. Desde entĂŁo o jogador virou um sĂmbolo da luta pelo fim do genocĂdio contra os negros. A atitude chegou atĂ© a ser copiada por outros atletas, mas no fim das contas, Colin Kaepernick acabou sendo afastado da NFL por seu comportamento polĂtico durante os jogos.
Mas e o que a Nike tem a ver com isso? A questĂŁo Ă© que a Nike achou que seria interessante comprar esta briga e, no ano em que sua campanha “Just do it” comemora seus 30 anos, a empresa contratou Kaepernick para estrelar as peças.
“Believe in something, even if it means sacrificing everything”, diz o texto que pode ser traduzido literalmente para “Acredite em algo, mesmo que isso signifique sacrificar tudo”. O anĂşncio ainda traz uma foto de Colin Kaepernick ao fundo.
O gesto fez com que alguns patriotas americanos acabassem se sentindo ofendidos, pois alegavam que a Nike estaria promovendo uma pessoa que desafia a nação e o patriotismo do paĂs. Eles entĂŁo começaram a destruir produtos da Nike em protesto. É sĂ©rio. Entre os episĂłdios mais absurdos dá para destacar o vĂdeo que vocĂŞ vĂŞ acima onde um rapaz diz estar queimando um de seus calçados favoritos, e que nĂŁo será mais cliente da companhia.
Uma outra imagem bastante impactante se refere técnico de som do cantor John Rich, que chegou a cortar o logo da Nike de sua meia.
Our Soundman just cut the Nike swoosh off his socks. Former marine. Get ready @Nike multiply that by the millions. pic.twitter.com/h8kj6RXe7j
— John Rich (@johnrich) September 3, 2018
Apesar disso, a Nike exatamente onde está entrando. O slogan “Just do it” está celebrando 30 anos e precisava de algum assunto que repercutisse bastante para dar ainda mais impacto e gerar valor diante de um pĂşblico cada vez mais exigente. Estar apoiando uma campanha contra o genocĂdio negro Ă© participar de uma polĂŞmica por uma causa nobre. Os protestos dos consumidores podem gerar ainda mais buzz e causar ainda mais indignação do pĂşblico que tem simpatia pela marca e pelo menos dois neurĂ´nios para entender a questĂŁo racial no paĂs e no mundo.
Não a toa a campanha causou ainda diversas manifestações em favor da companhia. Um tweet de uma usuária identificada como Arlan, por exemplo, fazia questão de mostrar que havia escolhido a marca justamente por conta de seus posicionamento.
https://twitter.com/ArlanWasHere/status/1036758493477330944
De acordo com a Market Watch, as vendas da companhia chegaram a registrar leve queda no inĂcio da campanha, mas agora tiveram um crescimento acentuado de 31% desde a Ăşltima semana. No ano passado o crescimento foi de 17% durante o mesmo perĂodo.