Mesmo que seja muito boa, é de costume que uma identidade visual deva ser repensada com o passar dos anos e com as mudanças do mercado. São pouquíssimas marcas que conseguem ser como Coca-Cola ou Nike, mantendo a base de seu logotipo com pequenas alterações no decorrer dos anos. No episódio quatro do Break Publicitário, Matheus Ferreira e Erik Rocha se unem para falar sobre “o ano dos redesigns”.
Marcas que se renovaram em 2021
O Break Publicitário listou algumas marcas que optaram pelo redesign desde o fim do ano passado ao início desse ano, são elas:
A Globo teve sua nova identidade visual vazada pelo fim do ano passado, mas já está a todo vapor se posicionando com a marca nova.
O Habib’s apostou no redesign para se modernizar ainda mais, trazendo inclusive o Habibers, seu novo programa de fidelidade.
A rede de fast-food optou por um visual retrô, mas moderno ao mesmo tempo, olhando para seus visuais do passado e readaptando para o tempo atual.
Embora seja simples e objetivo, a reformulação da Renault mexeu com o público, que apontou semelhança com o logo da Umbro.
A Peugeot decidiu trazer o brasão de volta, trocando seu leão de corpo inteiro por um “rosto” de um leão.
- Xiaomi
A empresa que vem ganhando destaque no mercado de smartphones promoveu uma leve mudança em seu logotipo, passando de algo “quadrado” para algo com formato mais semelhante ao de ícones de aplicativos.
O saudoso programa da apresentadora Ana Maria Braga passou por um redesign e levou o programa aos trendings com muita gente criticando a mudança.
A GM também optou por uma mudança em sua marca, trocando as letras maiúsculas por minúsculas e fazendo uso de gestalt para mostrar seu caminho para o futuro com os carros elétricos.
Seguindo a lista de marcas que optaram por renovação, a Avon também seguiu esse processo de mudança.
Mesmo tendo mudado de logo recentemente, a marca passou novamente por um redesign em seu logo.
Pegando todo mundo de surpresa, O Boticário mudou seu logo buscando por algo mais padronizado.
A marca também decidiu mudar seu logo e se atualizar no mercado e gerou uma grande polêmica ao ter seu novo logo comparado com o Supermercado Big.
Por que essas marcas escolheram 2020/2021 para se renovar?
A quantidade de empresas que optaram por um redesign em 2020/2021 foi enorme, mas será que foi uma coincidência?
É possível que, após o ano ruim de 2020, muitas dessas marcas observaram que precisavam se atualizar e essa foi a porta de entrada para os redesigns. Cada vez mais as marcas precisaram obrigatoriamente se adaptar ao digital e, por esse motivo, uma atualização foi necessária.
Além disso, a nova etapa dessas empresas dá um aviso para os consumidores de que a marca está presente e continua se atualizando.
O Break Publicitário entrou em contato com o Pedro Renan, design responsável pelo Quarto Criativo, para saber a visão de tantos redesigns vindo de dentro desse universo.
“As marcas pequenas estão tirando as marcas grandes da zona de conforto”, explica Pedro. Para ele, através do design as pequenas estão conseguindo se destacar no mercado e, por esse motivo, as marcas maiores precisam se movimentar para não ficar para trás.
O que uma identidade visual precisa ter para ser um bom case de redesign?
“Ele tem que passar a mensagem da forma mais simples possível e de forma que não perca a essência dela [da marca]”, diz Pedro. É necessário mudar pouco, adaptar os pontos necessário e entregar o que a marca tem pra oferecer de maneira objetiva.
Existe um tempo ideal para que as mudanças aconteçam?
O Pedro explicou que não existe um tempo certo para essa mudança, mas sim momentos, talvez em uma fusão entre empresas, um novo reposicionamento, são as ocasiões que dirão o rumo necessário para a identidade visual da empresa.
O Flat Design tá deixando todas as marcas iguais?
“Eu acho que [a marca] não perde a essência porque eles estão trabalhando com outros pontos como cores, elementos, tons de voz. Pra responder a pergunta: sim, visualmente as marcas estão ficando parecidas, é o preço do minimalismo”, mesmo que as marcas estejam iguais “quando passa pra cor, você vai saber quem é quem. O tom da voz é diferente, elementos de identidade visual completamente diferentes. Em algum ponto estético, eles podem estar iguais, mas nunca terão a essência igual do outro”, responde o designer do Quarto Criativo.
“Afinal, o logo antigo era melhor?”
As pessoas tem muita dificuldade em aceitar mudanças. É necessário compreender que precisamos de tempo para entender a novidade e abandonar o sentimento que ficou pelo antigo visual de determinada marca.
Obviamente existem casos que podem dar errado e o logo antigo pode realmente estar melhor, como os redesigns dos ícones dos app do Google e o logo da Record, que foram citados pelos hosts no podcast de maneira bem-humorada.
Recentemente a Amazon trocou de logo e com certeza entrou para a lista do “antigo era melhor”, quando os consumidores passaram a comparar o ícone novo com o ditador nazista Adolf Hitler. Após os comentários a marca buscou alterar novamente e passou pelo redesign duas vezes seguidas.
Perguntas Instagram
No Instagram do Geek Publicitário (@geekpublicitario) e do Break Publicitário (@breakpublicitario), duas perguntas foram feitas:
- Você acha que os designers estão deixando os logos todos iguais?
No resultado, 88% das pessoas apontaram que os redesigns estão deixando as marcas estão ficando todas iguais. Ao buscar por “logos todos iguais” no Google, é possível observar que as marcas estão ficando bem semelhantes.
- Qual foi o redesign que o público achou que o antigo era melhor?
Dentre as respostas, as pessoas apontaram marcas como Pringles, Renault, Burger King e Casas Bahia, na maioria. Além disso outras marcas como Mozilla Firefox, O Boticário, e CBF também entraram na lista.
Tendências de design para os próximos anos
Em suma, é totalmente válido que as marcas busquem por redesigns para se modernizar, mas não precisa ter pressa e acompanhar a tendência de mudanças, pois isso pode acabar afetando a personalidade da marca.
A mudança deve vir para apresentar um novo posicionamento da marca para o público consumidor e não apenas focado no visual da marca. Caso esses pontos sejam atendidos, é possível visualizar a marca sendo duradoura no mercado mantendo sua personalidade.
Caso você tenha interesse em conferir toda conversa do podcast na íntegra você pode ouvir o Break Publicitário em todas as plataformas digitais.