Navegando pela internet eu me deparei com uma publicação de um blog chamado Adland.TV que fazia uma constatação absolutamente interessante e necessária: “Todos os comerciais sobre o COVID-19 são exatamente iguais”. O questionamento levantava a falta de criatividade da indústria diante de um momento que exige cada vez mais essa peça fundamental para a diferenciação em um ambiente tão competitivo e abalado como o de hoje.
Quando vi essa matéria eu logo pensei: bom, não é bem assim, né? Mas uma compilação de 4 minutos apresentada ainda no mesmo post, me fez ver que havia uma séria semelhança entre os filmes de alguns dos principais players americanos. Veja.
Aqui no Brasil a situação não muda muito. Alguns anúncios parecem então ter sido feitos na mesma linha de produção que os do vídeo acima e somente traduzidos para o português em bordões como “Juntos, ainda que separados”, “Estamos aqui para você”, “Mais do que nunca”, sempre embalados em trilhas emocionantes. Um discurso raso que poderia funcionar para praticamente qualquer marca. E aí fica a pergunta? Onde está a criatividade?
Nos primeiros dias de quarentena, nós anunciamos aqui que o Mercado Livre mudou seu logo de duas mãos se apertando, para dois cotovelos se tocando. A ideia era original, tinha tudo a ver com a marca e foi notícia em vários lugares. Em pouco tempo diversas marcas começaram a fazer o mesmo sem qualquer planejamento ou mesmo avaliação da necessidade real da adaptação. Somente para entrar no hype.
São tempos difíceis, é claro, ninguém acredita que o que estamos passando seja algo previsível, mas é justamente em momentos incertos que a criatividade precisa ser priorizada. E nem mesmo empresas que estão em alguns dos poucos ramos que têm registrado crescimento durante esta crise promovida pelo isolamento conseguiu apresentar algo relevante.
O resultado é uma crise criativa provocada pelo medo de errar em um momento tão delicado. E ninguém está dizendo que é errado. Mas definitivamente não é o que se espera de um criativo.