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    A obsessão é realmente infinita

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    O crescente interesse dos paulistanos por arte é animador. Nos meus poucos anos de vida, não lembro de ter visto tanta notícia e tanto alarde sobre exposições, estreias de cinema e muito menos de peças teatrais. Os finais de semana são regados a intensa atividade cultural, sempre. O interesse por exposições com um quê de sensorial, então, somam recordes de público, como é o caso de Obsessão Infinita, de Yayoi Kusama. Fui até o Instituto Tomie Ohtake no último sábado aproveitar a penúltima semana em que as obras da artista japonesa ficam em cartaz em São Paulo. Daqui a pouco elas se despedem de nós e partem para o México.

    Eu, que me interesso muito por arte, mas não possuo conhecimento suficiente pra analisar técnica ou profundamente as obras e procuro apenas senti-las, me limito a dizer que as obras são sensacionais, principalmente as instalações, absurdamente imersivas, e as pinturas, que também não deixam nada a desejar. Incrível como a artista usa suas fraquezas e as transforma em arte. Yayoi consegue nos deixar boquiabertos diante da competência em transmitir seus sentimentos e impressões tanto sobre as próprias alucinações e fobias (as famosas “bolinhas” e os falos multiplicados por espelhos) quanto sobre o culto à imagem e o narcisismo – estes dois últimos temas sempre pertinentes, o que constatei à força, ontem mesmo, enquanto observava não só as obras, mas também o público.

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    Não sei direito o que aconteceu. Por ironia do destino, a exposição acontece num momento em que o cotidiano é pautado por imagens. Fotos, pra ser mais exato. Um passo, uma foto. Seja de um cenário, seja da própria pessoa que está com a câmera na mão. As pessoas, inclusive eu, muitas vezes parecem turistas dentro da própria cidade. Isso é bom, faz a gente prestar atenção nos detalhes que cercam a nossa rua, nosso bairro, enfim. Isso não é bom quando a obsessão (com ou sem trocadilhos, como quiserem) invade uma exposição de arte a ponto das pessoas ignorarem completamente a artista, a razão de suas obras e passarem batido, literalmente, por metade das criações. A intenção é chegar o quanto antes às seções em que todos estão tirando fotos e publicando no Facebook, no Instagram, sei lá onde mais, pra garantir logo e depois poder ir embora. O problema não é tirar foto, o problema é tirar foto e nada mais.

    Parece irônico esse comportamento, ainda mais quando a exposição é de uma artista que critica e reflete a exposição da imagem – entendedores de arte, eu sei que Yayoi se promovia em cima da própria crítica ao narcisismo e que ela, em seu tempo em Nova York, era tão icônica e aparecia tanto quanto Andy Warhol, obrigado. No meu entendimento, se você passa 2 horas numa fila, o mínimo que se pode fazer é prestar atenção em tudo que você bate o olho. Se você ficou horas esperando pra entrar naquele lugar, perca alguns segundos lendo aquele textinho de um bloco que explica o que vai vir a seguir, naquela sala, instalação, escultura. Não sei se eu que sou muito ranzinza ou se é realmente estranho ver pessoas passando por salas com 20, 30 pinturas extraordinárias e se preocuparem em tirar uma foto ao lado de uma qualquer. Tudo bem, ela escolheu aquela pintura em si porque achou bonita. Mas é bonita porque combina com seu “conceito de belo” (termo pedante, desculpe, é impossível falar de arte, mesmo sem conhecimento, sem usar palavras assim) ou porque vai render uns belos likes nas redes sociais? Sem contar os visitantes que estavam batendo com a mão nas telas. Sim. Batendo. Nas. Telas. Originais. Da. Artista. E desrespeitando aquela faixa de isolamento.

    Ainda assim, a exposição faz valer todo o tempo que ficamos em pé esperando pra entrar. Se você for forte e conseguir absorver tudo que vê sem prestar muita atenção ao monte de crianças correndo pra todo lado e à tempestade de fotografias, vai ter a oportunidade de conhecer de perto o trabalho de uma artista que, numa demonstração de força, converte loucura em arte.

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    Em tempo: esse texto não tem imagens da exposição porque eu não tirei o celular do bolso durante a visita, que estava com a internet desligada, inclusive.

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