Na última sexta-feira de novembro, consumidores de todo o mundo se unem com um único objetivo: garantir compras com descontos acima da média na conhecida Black Friday.
No episódio 29 do Break Publicitário, Matheus Ferreira, Erik Rocha e Victor Alexandro falam da origem do evento, como ele ganhou os consumidores brasileiros, mudou o mercado publicitário brasileiro e desbancou até mesmo o Natal em faturamento.
Como começou a Black Friday?
A Black Friday é uma celebração que acontece sempre após o Dia de Ação de Graças, que é celebrado nos Estados Unidos como um feriado para agradecer, comer e ficar em família.
Existem muitos boatos que giram em torno da origem do termo e um deles é de que o termo ganhou popularidade na Filadélfia, onde policiais frustrados pelo trânsito causado pelos consumidores no dia após o feriado começaram a se referir à data como Black Friday.
De acordo com o portal CBS News, o termo Black Friday surgiu por conta do ditado popular “go ‘in the black’ after being ‘in the red'”, onde o “black” se refere à estar positivo na conta, assim como aqui no Brasil quando saímos do vermelho para ficar com a conta no azul.
O evento, que é feito para queimar os estoques antes da chegada das vendas no Natal, se tornou um sucesso rapidamente e foi a partir das décadas de 1980 e 1990 que a data se consolidou no mercado estadunidense e hoje arrasta multidões para as lojas nos EUA.
Com o sucesso do evento norte-americano, lojistas de diversos países passaram a introduzir a data em seus mercados, mesmo que não houvesse o feriado de Ação de Graças.
A chegada da Black Friday no Brasil
A Black Friday chegou no Brasil em 2010 e começou a ganhar forças no país depois de 2012. Atualmente, essa é uma das ocasiões onde os varejistas brasileiros mais faturam com vendas.
A infeliz chegada da Black Fraude
Quando a Black Friday começou a se popularizar, as pessoas ainda não entendiam muito bem como funcionavam as coisas e, por esse motivo, muitos lojistas se aproveitaram para elevar os preços dos produtos e diminuir durante a data, o que ficou caracterizado como “Black Fraude”.
De acordo com o Matheus, o ideal para a Black Friday é que o lojista utilize aquele estoque que está parado no decorrer do ano para aproveitar a data e conseguir vender esses produtos parados com um valor reduzido, oferecendo um desconto justo para o consumidor.
Vale lembrar que conforme a prática da “Black Fraude” foi se tornando mais frequente, diversas ferramentas e extensões passaram a ser criadas para que os consumidores consigam acompanhar o histórico dos preços dos produtos, evitando cair em golpes de marcas que estão se aproveitando da data.
Embora seja um grande risco para as empresas, infelizmente ainda existem muitas marcas que arriscam a confiança do consumidor e continuam realizando essas práticas desonestas fingindo oferecer descontos. Por esse motivo, as extensões ainda são muito importantes.
A polêmica envolvendo o nome “Black Friday”
No decorrer dos anos as empresas foram se tornando mais conscientes com relação às causas sociais e, por esse motivo, sempre há uma discussão em época de Black Friday sobre o uso da nomenclatura. Sendo assim, no ano passado, o Grupo Boticário passou a utilizar “Beauty Week”, enquanto a marcas como Avon, Olist e Pagar.me passaram a usar “Best Friday”. E outras optaram ainda por suas próprias variantes como Yellow Friday, Natura Friday etc.
“Evitar a expressão Black Friday só fará sentido se vier acompanhado de iniciativas concretas”, é o que diz a historiadora Suzane Jardim, que pesquisa temas étnico-raciais, “o antirracismo associado apenas à exclusão de palavras e frases reduz a causa a uma fórmula de conduta e de autocontrole e não contempla questões profundas, como o racismo estrutural da sociedade. Não adianta não usar Black Friday e não ter lideranças negras ou produtos para o público negro”, conclui.
Por fim, “não há um consenso sobre o termo Black Friday”, observa a presidente do PretaHub, Adriana Barbosa. “São discussões sem embasamento teórico, sem estudo e, às vezes, as empresas usam a questão racial e relativizam sem se aprofundar no que significa ou se apropriam e trazem polêmica junto”, observa.
Impacto no Mercado Publicitário
A data começou a fazer muito sucesso e assim surgiram eventos como “Black das Blacks”, do Magalu, e “Show da Black Friday”, de Americanas.
Esses eventos no decorrer do mês de novembro, os famosos “esquenta Black Friday”, acontecem porque o preço para veicular campanhas no dia da Black Friday costumam a subir bastante, por conta da alta competitividade para a data.
Impacto nas vendas
Hoje em dia o gasto com publicidade em período de Black Friday já superou o Natal. Para criar um panorama do período, a Kantar IBOPE Media desenvolveu estudo sobre o comportamento dos players de mercado na última edição da Black Friday. A partir desses dados, identificou que 10% de toda a mídia adquirida em 2020 estava concentrada em novembro. E ao comparar a compra de espaços publicitários entre janeiro e outubro do ano passado com os gastos em novembro, é possível ver um salto de 43%, atingindo um patamar aproximado de R$ 358 milhões. O número supera o investimento feito em dezembro, tradicionalmente considerado como o “mês das festas”.
A razão para o crescimento está no novo comportamento dos consumidores que, devido a pandemia de Covid-19, passaram a ter mais familiaridade com o e-commerce. Isso fez com que as empresas criassem grandes expectativas sobre o volume de vendas durante o evento. E, de forma geral, os varejistas que mais investiram em publicidade para a Black Friday foram Amazon, Casas Bahia, Lojas Americanas, Magazine Luiza e Mercado Livre. Ao que tudo indica, os cinco continuam apostando no sucesso da data. Isso porque, neste ano, iniciaram tais comunicações já em outubro. As campanhas vão desde contagens regressivas até dicas de planejamento.
Uma curiosidade interessante é que os setores que mais elevaram a compra de mídia no mês da Black Friday foram telecomunicação (alta de 51%), turismo (41%) e comércio (16%). Entre janeiro e outubro, as marcas investem mais no meio digital. Em média, 59% da verba é voltada para esse canal. Mas como é considerada um evento de massa, em novembro, a televisão fica com a maior fatia (58%) dos investimentos, para potencializar seu alcance em todos os segmentos.
A Chegada do 11.11
Para buscar o consumidor que está guardando dinheiro para a Black Friday, o Aliexpress criou a celebração da data 11.11, que também promove diversos descontos legais para os consumidores.
Em 2020, a data gerou faturamento de 74,1 bilhões de dólares – se convertido em reais, o valor representa mais de dezoito vezes o total foi vendido em todo o varejo brasileiro (on e offline) na última Black Friday, de R$ 23 bilhões, segundo a GfK.
Perguntas no Instagram
No Instagram @geekpublicitario e @breakpublicitario foi perguntado para os ouvintes do podcast se eles planejam fazer alguma compra na Black Friday deste ano e, para a surpresa do Matheus, 67% das pessoas disseram que sim.
Além disso, foi perguntado também sobre o ticket médio que as pessoas pretendem gastar. As pessoas responderam que pretendem gastar em média R$ 350 a R$ 400 nesta sexta-feira (26).
Considerações finais
Não há dúvidas de que, caso saiba se planejar, a Black Friday é uma ótima data para todo mundo, tanto para os consumidores, quanto para os vendedores. Além disso, o double eleven (11.11) do Aliexpress também promete ser uma data de grande relevância com o passar dos anos.
A Black Friday é uma data relativamente nova e, com esperança, é possível acreditar que os lojistas deixarão de lado essa prática da Black Fraude, principalmente porque os consumidores ficam cada vez mais espertos e já existem inúmeras ferramentas para ajudar a acompanhar o histórico dos preços.
Caso você tenha interesse em conferir toda conversa do podcast sobre Black Friday na íntegra você pode ouvir ou assistir o Break Publicitário em todas as plataformas digitais.