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    Projeto MEIQUE muda vidas por meio da produção e venda de sabão ecológico

    Neste episódio nós vamos falar com a Anna Flávia, do MEIQUE, um projeto social que busca mudar vidas por meio da produção de sabão ecológico.

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    Neste episódio nós vamos falar com a Anna Flávia, do MEIQUE, um projeto social que busca mudar vidas por meio da produção de sabão ecológico.

    Na conversa nós falamos sobre os principais desafios de se representar um projeto de empreendedorismo social dentro da periferia e o impacto do projeto na vida das pessoas. Confira.

    O que é o projeto MEIQUE?

    A sigla MEIQUE significa Mulheres Empreendedoras do Querosene. Querosene é a comunidade onde acontece o projeto. Nós, de fato, quisemos exaltar no nome do Projeto MEIQUE. O projeto surgiu de um sonho muito grande de fazer do empreendedorismo social a ferramenta que transforma vidas.

    Eu faço parte da Enactus, que é uma organização mundial. Aqui no Brasil nós temos várias ramificações de Enactus, e os times se dividem entre as universidades do país. E o meu time Enactus é o time Enactus UFES Alegre. Então os projetos de empreendedorismo social que acontecem dentro do meu time são voltados para a cidade de Alegre aqui no Espírito Santo, que é onde fica também a UFES Alegre. Este projeto nasceu com estudantes da UFES de Alegre que fazem parte desta organização chamada Enactus.

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    O projeto MEIQUE tinha esse nome de passado porque esse projeto já foi um projeto de comida, lá em 2018, onde mulheres vendiam comida fit e infelizmente o projeto se findou na comunidade, teve uma evasão muito grande das mulheres que participavam e morreram todos os projetos Enacuts nessa comunidade.

    E em 2019, quando eu estava entrando no time que hoje eu faço parte, que é o time Enactus UFES Alegre, um dos meus grandes desafios era reinventar o projeto MEIQUE e não precisava ter esse nome, mas precisava ser um projeto dentro desta comunidade. Infelizmente em Alegre nós temos um problema muito grande de demarcação da periferia e do centro. Eles quase não se misturam. Então nosso projeto era iniciar o projeto lá e tentar mesclar o máximo da sociedade com a comunidade para que eles pudessem conhecer como tem pessoas maravilhosas e trabalhadoras na periferia e inseri-los na sociedade, pois sabemos que eles infelizmente ficam esquecidos.

    E quando começamos a prospectar o morro, nós vimos muitas mulheres mães solos que estavam sem sonhos, desacreditadas do potencial que elas tinham. E nós pensamos “isso não pode estar acontecendo”. Olha aonde as mulheres chegaram, nós viemos trabalhando muito para termos nossos direitos e nosso lugar de fala… E nós decidimos por continuar com esse nome MEIQUE.

    Que projeto é esse? Um projeto onde mulheres desta comunidade vendem sabão a partir do óleo residual de cozinha. Lá na cidade de Alegre este também é um outro problema que temos. O descarte incorreto de óleo. Que causa inúmeros prejuízos ao meio ambiente e à sociedade. E por ser algo tão usual no nosso dia a dia, às vezes a gente descarta de forma errada ou acumula até dentro de casa por não saber como descartar. E nós pensamos em juntar um problema social com um problema ambiental. E aí nasceu o MEIQUE, que são essas mulheres que produzem sabões a partir do óleo residual de cozinha para poder vender, ter sua renda fixa e serem as empreendedoras de Alegre, da periferia, que vêm lutando para poder profissionalizar cada vez mais o projeto e o produto.

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    É por isso que hoje eu estou aqui. Sou representante do projeto. Hoje estou representando a equipe Enactus, estas mulheres, mas tem toda uma equipe por trás de mim que sem eles eu não estaria aqui.

    Quais os maiores feitos do projeto?

    Há um grande feito, que não é questão financeira, nem nada. Mas que as próprias mulheres repetem. Nós chamamos elas de Colaboradoras. E nós estávamos escrevendo um Edital e perguntamos: o que você acha que o projeto mudou na vida de vocês? E elas responderam uma questão muito importante: hoje o Morro do Querosene, que era visto com olhos da sociedade preconceituosa, como uma favela onde só tem tráfico, violência, agora é visto como o morro das mulheres dos sabões. O morro do projeto MEIQUE.

    E isso de primeira era uma insegurança para elas, o nome do morro associado ao projeto, e hoje o jogo virou. Hoje isso fez o morro crescer e ser visto com outros olhos, com respeito.

    As mulheres estão conquistando este lugar de empreendedoras sociais. Há pouco tempo nós nos inscrevemos num edital de afroempreendedorismo, porque as meninas que participam do nosso projeto são todas pretas. E nós temos essa grande glória de elas serem reconhecidas. E uma coisa muito legal é que a história delas, que antes era só mais uma história de uma mulher do morro e que não teve oportunidade, hoje é o grande marketing do projeto. A história delas. A luta delas.

    O diferencial do nosso projeto, apesar de a qualidade do sabão ser maravilhosa, porque trabalhamos muito para isso, é a história dela. Quem compra uma vez, quer comprar muitas outras. Mas o diferencial é a história do projeto. E isso pra gente é muito importante.

    Uma das nossas colaboradoras hoje faz parte do conselho dos direitos das mulheres de Alegre, ela é vice-presidente deste conselho e ela conquistou esta posição através do projeto. É voz para as mulheres do morro, voz para as mulheres pretas. Isso é uma conquista legal e muito importante.

    A renda delas é algo que nós estamos trabalhando para que elas possam viver do empreendedorismo. E elas também, porque é um sonho. E empreender não é fácil. Tem suas lutas. Às vezes nós vemos um empreendedor no auge e pensamos que foi muito fácil, mas não foi. Eu espero que um dia as mulheres possam contar a história delas também.

    Como você acredita que a parceria com Nestlé pode ajudar o projeto MEIQUE?

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    Só de estar no edital já foi incrível, porque dá uma segurança. Você pensa “poxa, tem alguém enxergando o projeto, apoiando o projeto”. Durante todas as mentorias, cada palavra ajudava de alguma forma. E nessa oportunidade que a Nestlé deu para a gente, dessas mentorias incríveis que tivemos quatro finais de semana com a Yunus, que foram sensacionais. Nós tivemos contatos com pessoas muito importantes.

    Eu tive a oportunidade de ter um momento com o designer da Nestlé e ele foi um divisor de águas para o projeto. Hoje nós temos um logo, e para nós estava show, íamos colocar no mercado e estávamos prontos. E ele falou: “calma, vocês precisam dar um passo para trás, para poder dar dois para frente”. E foi um marco para a gente, porque ele olhou com aqueles olhos profissionais de alguém que está diretamente ligado com produtos que estão competindo no mercado e ele está dando todo o suporte para o projeto neste sentido.

    Eu tenho certeza que a partir deste contato vão surgir efeitos muito importantes para o projeto. Já surgiu. Porque, como que eu vou competir com marcas que já têm esse olhar profissional? Nós sabemos a história dos projetos e no nosso logo, não contávamos esta história. Então se eu estou ensinando o meu produto a quem está comprando, eles não podem adivinhar. E ali foi um divisor de águas para o projeto. Eu estava tão imersa ao projeto que não conseguia enxergar isso.

    E tem ainda a divulgação, né? Este projeto vai para as embalagens também.

    Esses dias uma pessoa falou “caraca, vocês estão por toda parte. Que chique. Vocês estão com a Nestlé. Quero comprar”. Deu uma credibilidade ao projeto e nós recebemos feedbacks de pessoas que acharam legal e acreditamos que tem muitas pessoas comprando porque viram e associaram de alguma forma. Essa divulgação dentro dos produtos vai ser muito legal. Nós estamos muito empolgados. Nestlé é uma marca que atinge desde a dona de casa até o grande empresário.

    Como você imagina o projeto de vocês para o futuro?

    Esse é um sonho que nós sempre conversamos enquanto equipe, porque o nosso intuito é pensar no projeto futuramente e criar um plano para que este futuro aconteça, para não ficarmos apenas mediando.

    A ideia é ter uma fábrica de sabão dentro do Morro do Querosene. Hoje o projeto tem duas colaboradoras que são pessoas que fazem o projeto acontecer, que a realidade delas de alguma forma está mudando por conta deste projeto. Nós sonhamos que elas sejam as empresárias, como se fossem as donas dessa fábrica de sabão dentro do morro. E que esta fábrica tenha grande demanda com muitas vendas, para agregar pessoas que um dia já estiveram na mesma situação que elas para que possa, realmente, dar oportunidade.

    Uma grande fábrica, com uma grande visibilidade no mercado e que agregue pessoas dessa comunidade.

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    Nós também pensamos em replicar o projeto. De repente colocar pessoas espalhadas por todo o Espírito Santo e quem sabe o Brasil. E que essas pessoas sejam revendedoras da marca MEIQUE. E que elas vivam da renda desta revenda.


    Como quem está lendo esta matéria pode fazer para entrar em contato com vocês para se tornar um parceiro?

    Nós estamos superabertos para nacionalizar o projeto. Este é, inclusive, um dos nossos grandes sonhos. Vocês podem primeiro começar seguindo o Instagram do projeto, que é @projetomeique. Depois disso, as pessoas podem entrar em contato por direct, ou pelo nosso número para encomendar sabão ou entender o projeto. O número é 28 99914-5678.

    Que mensagem você deixaria para pessoas que querem ajudar ou ter um projeto próprio de empreendedorismo social?

    A primeira mensagem é: não desista! Não é fácil. Não é comum conseguir um apoio para começar um projeto a nível social, mas é muito importante que vocês que estão querendo iniciar ou já iniciaram e estão passando por alguma dificuldade, que vocês sentem, resolvam os problemas, pensem nos problemas. Isso foi uma coisa que eu aprendi. Pensem nos problemas, porque só assim vocês vão pensar nas soluções. Mas jamais desistam porque isso não é da sua competência ou porque você não está conseguindo.

    Eu sugiro também que você tenha um parceiro ou uma equipe, porque a união realmente faz a força nesta hora. Você precisa de voz, precisa lutar para que aquilo aconteça. Lute pela comunidade ou pelas pessoas que você está querendo ajudar. Às vezes elas não vão estar com forças para lutarem por elas. Mas vai chegar alguém que vai passar esse ar de “nossa, alguém quer me ver bem, alguém quer mudar minha realidade, então por que eu não posso me esforçar para isso?”.

    Nós trabalhamos autoconhecimento com a comunidade, direito das mulheres, levamos psicólogos, exemplos de empreendedorismos femininos que deram certo. Em qualquer área é importante você chegar com cuidado e construir o projeto junto com as pessoas. A decisão do sabão foi uma decisão em conjunto, porque o primeiro projeto que tentamos implementar foi uma decisão jogada. O projeto tem que ser construído com quem está, de fato, ali. Quando nós criamos algo, nós temos um sentimento de pertencimento. E foi isso o que aconteceu com nossas mulheres hoje.

    Sobre o projeto Geração Que Faz Bem

    Em mais uma iniciativa de celebração dos 100 anos de Brasil, a Nestlé acelerou projetos de impacto social liderados por jovens, para que ganhem escala e ajudem a criar um futuro melhor.

    A marca promoveu mentorias para estes jovens e ainda deve utilizar suas embalagens, que têm penetração em 99% dos lares brasileiros, para dar publicidade aos projetos.

    Conheça as demais empresas participantes e saiba mais do projeto clicando aqui.

    Conheça nosso podcast

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