Um dos discursos mais mentirosos contados por pessoas homofóbicas é o de que crianças não sabem lidar com a orientação sexual ou identidade de gênero das pessoas. E a mais nova campanha do Burger King para celebrar o mês do Orgulho LGBTQIA+ vai justamente no sentido de desconstruir essa ideia. Como resultado, a rede de fast-food foi parar nos trending topics com uma série de publicações homofóbicas condenando a campanha.
No filme “Como Explicar?” publicado pela marca nas redes sociais, diversas crianças aparecem dando a sua visão sobre a comunidade LGBTQIA+. Frases como “Eu vejo dois homens de mãos dadas são dois homens de mãos dadas” e “o menino gosta do menino e ponto final” são ditas pelas crianças. Aparentemente isso foi o suficiente para insuflar o discurso de ódio contra a rede e todos os LGBTQIA+ dentro no mês em que celebramos o orgulho das nossas diferenças.
Ódio no Youtube
A exemplo do que aconteceu com O Boticário em 2015, o vídeo da companhia no Youtube tem recebido uma enxurrada de marcações “Não Gostei” e comentários negativos, muitas vezes ligados a trechos da bíblia. Todos eles tentam justificar palavras e ensinamentos de suas próprias religiões para condenar o comportamento das pessoas LGBTQIA+.
“Que vergonha Burger King, deixem nossas crianças fora dessa pouca vergonha.
‘Deus nos entregamos nossas crianças inocentes nas suas mãos, proteja elas de todo esse mal, esse demônio estar sendo repreendido no nome do senhor Jesus'”, dizia uma das publicações com mais curtidas nos comentários. “A justiça de DEUS vai vir , e naquele dia. Todos vocês que estão buscando profanar, vão pagar muito caro. O lago de fogo vos aguarda !” [sic], dizia outro.
Esse é mais um movimento desesperado de pessoas que precisam ser claramente categorizadas como homofóbicas. As mesmas que tentaram fazer passar projetos de lei que proibiam a veiculação de comerciais como este, agora querem então mais uma vez na base do grito calar a nossa voz. Não conseguirão.
O Youtube, aliás, tem virado um reduto de fanáticos. Ainda em 2019, uma matéria do The New York Times contou de forma clara como o Youtube teve papel fundamental na radicalização do Brasil. A rede é capaz de colocar seu público num looping de conteúdos extremistas e tóxicos. Até hoje a rede não apresentou nenhuma mudança significativa em seu algoritmo para mudar isso. Todas as vezes que o GKPB entra em contato com o Google para comentar algo ocorrido com a plataforma, eles se recusam a comentar e retornam com textos padrões.
Por outro lado, o Burger King atingiu o objetivo de sempre. Viralizar com pautas importantes que reforçam os valores da companhia, que já realizou uma série de ações em favor da comunidade LGBTQIA+ nos últimos anos, inclusive trocando o seu nome para “Burger Gay“, durante a parada LGBTQIA+.
Tweets e comentários de pessoas elogiando a campanha também invadiram a publicação e a hashtag homofóbica.