O time de Comunicação e Marketing do Burger King é realmente muito inteligente (ou maluco, não sei exatamente). Isso porque apesar de algumas bolas fora nos últimos anos, a marca continua com uma comunicação pra lá de diferenciada, tocando em assuntos delicados com criatividade e irreverência. E dessa vez não foi diferente. Depois de ser condenado pelo Procon de SP a pagar R$ 200 mil por propaganda enganosa em seu sanduíche de costela que não tinha costela, a rede decidiu relançar o produto trazendo agora costela de verdade e com um agradecimento ao órgão.
No filme do novo King Costela publicado nas redes sociais pela companhia, é possível ver o nome da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor logo no início, em meio a uma imensidão de receptividade dos funcionários. A marca aproveita ainda para se colocar numa situação poucas vezes vista em uma comunicação não-obrigatória a respeito de uma condenação: revivendo o assunto e se demonstrando agradecida pelo aprendizado.
“Querido Procon-SP, quando o nosso Whopper Costela foi cancelado, doeu. Mas hoje somos gratos. Se não fosse por você, não teríamos criado um sanduíche de costela, feito com costela desfiada, chutney de cebola e maionese de alho. O novo King Costela só existe graças a você. Valeu, Procon-SP!”, diz o vídeo. Confira.
Entenda o caso
Em 2022, após um escândalo envolvendo o McDonald’s e seu sanduíche de picanha que não levava o corte nobre, os consumidores saíram em uma caçada por marcas que anunciavam produtos que induziam o consumidor ao erro. No meio dessa caçada, estava o Whopper Costela. O sanduíche foi anunciado da mesma forma que outros itens já haviam sido comercializados por redes semelhantes, porém com o timing certo para a denúncia do Procon-SP.
“O Procon-SP tem olhado com preocupação a publicidade de produtos alimentícios que destacam um determinado ingrediente que não faz parte da composição daquele produto ou que não tem o ingrediente na sua composição principal. Nesse caso específico do Burger King, o consumidor compra o sanduíche acreditando que irá ingerir a carne da costela, ou seja, o consumidor é levado a erro”, explicou Guilherme Farid, diretor executivo do Procon-SP, na época.
Apesar da condenação, pode-se considerar a decisão uma vitória ao Burger King, pois de acordo com um comunicado publicado pela entidade no ano de 2022, a empresa poderia ser multada em até R$ 11,6 milhões de reais.