Em algum ponto da semana passada o jogador Neymar mostrou a cueca pelo menos 5 vezes em um jogo do Barcelona contra o Atlรฉtico de Madrid. O Barcelona perdeu por 1 a 0. Jรก a Lupo, bem, a Lupo ganhou o dia. A semana. E um retorno de marca que muito provavelmenteย nem eles mesmos consigam mensurar exatamente.
Tanto o jogador quanto a marca negam o teor publicitรกrio do short cai-cai de Neymar, jรก a imprensa descontou o รณdio do mundo em cima do jogadorย e utilizou o ocorrido pra voltar ร velha questรฃo: o Marketing tem limites?
O futebol รฉ movimentado por altas transaรงรตes de patrocรญnios. ร propaganda pra todo lado, mas isso nรฃo quer dizer que seja bagunรงado. Existem regras. E uma delas, da UEFA, รฉ bem clara: nรฃo รฉ permitido propaganda em campo. Para aย FIFA, por exemplo, รฉ proibido o uso de camisetas ou adereรงos com alusรฃo aย empresas ou produtos durante as partidas. Uma cueca รฉ sรณ uma cueca, mas quando ela tem uma marca estampada e รฉ mostrada inรบmeras vezes durante uma partida, ela รฉ um elemento publicitรกrio. Isso รฉ รณbvio.
De acordo com esse fato, temos uma propaganda em campo. Com isso em vista,ย podemos partir para duas possibilidades:
Foi intencional?
ร o que parece mais รณbvio. Ninguรฉm sequer havia notado um comportamento semelhante antes. Se chamou a atenรงรฃo desta forma, รณbvio que algo saiu dos padrรตes. Para ser mais maquiavรฉlico, podemos interpretar a partida no Barcelona como um ensaio para a Copa do Mundo. O evento รฉ aqui, os olhos do mundo todo estarรฃo no Neymar e possivelmente na cueca Lupo que ele poderia estar vestindo.
Enquanto uns diriamย que sรฃoย apenas “Negรณcios”, eu digo que รฉ falta de bom senso. O clube tem seus patrocinadores, o estรกdio tem os seus, o evento tem os seus, a TV tem os seus e por aรญ vai. Em campo,ย jogador temย que jogar bola e receber o seu salรกrio que jรก nรฃo รฉ nada baixo e รฉ uma consequรชncia desses outros patrocรญnios. O evento da Lupo รฉ quase que trabalhar em uma agรชncia e pegar freelas por fora com o cliente, sem que ninguรฉm fique sabendo.
Nรฃo, nรฃo foi intencional.
A assessoria do Neymar garantiu que nรฃo houve acordo com a marca. O que seria natural, atรฉ mesmo porque de assessorias de pessoas jรก estamos mais do que acostumados com mentiras e mais mentiras. Mas a assessoria da Lupo garantiu que nรฃo fez nenhum pedido ao jogador para a exibiรงรฃo da cueca. O que seria mais crรญvel.
Mas o caso da MSC estรก aรญ para nos lembrar que assessorias tambรฉm podem passar longe da รฉtica. Mas como eu gosto deย acreditar na humanidade, prefiro encarar o episรณdio como uma feliz coincidรชncia para a Lupo e um alerta aos organizadores de futebol do mundo todo. A criatividade das marcas para conseguir o melhor retorno com o menor investimento parece nรฃo ter fim.
E o limite, existe?
A resposta imediata รฉ: Sim, o Marketing tem limites. Mas ele nรฃo รฉ diferente do que deveria ser em qualquer outra รกrea. Porque existe um limite humano para tudo, e ele se chama Bom Senso.