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    Z1: “Cringe são os Millennials tendo uma reação exagerada à Geração Z”

    Co-fundadora da conta digital Z1, Sophie Secaf fala sobre perigos da guerra geracional e da necessidade de ouvir a Geração Z

    EM GKPB.COM .BR

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    A Z1 nasceu em outubro de 2020 com o objetivo de trazer mais autonomia e praticidade para um público adolescente nativo digital que ainda se vê obrigado a utilizar dinheiro ou cartão dos pais quando precisa realizar alguma compra em lojas físicas ou online.

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    Com 4 sócios, a empresa quer se tornar a melhor opção de conta digital para o público da tão falada Geração Z. Nós batemos um papo com Sophie Secaf, co-fundadora e CMO da empresa. Antes de ingressar na Z1, Sophie trabalhou como consultora, estrategista criativa e pesquisadora cultural, especializando em estudos geracionais e GenZ.

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    Ela é autora de GenExit, um trabalho que investigou a interseção entre mídias sociais, a Geração Z e o futuro. Ela também é a co-fundadora do YAGA, um festival queer que promove o intercâmbio de subculturas globais. Sophie é apaixonada por como as subculturas se expressam e por promover a diversidade em todas as áreas de negócios.

    Na nossa conversa, abordamos os desafios de falar com essa geração, os impactos do nosso contexto econômico e social no seu comportamento, e a importância de se colocar como uma marca que ouve o que eles têm a dizer. Confira.

    Como surgiu a Z1?

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    A geração Z, além de ser super autônoma, é a primeira geração nativa digital, ou seja, que já nasceu com a internet e, ironicamente, ainda mexe com dinheiro. Nós percebemos que não faz muito sentido uma geração digital, que busca a autonomia e independência não ter acesso à economia digital.

    Além disso, tanto a minha geração (sou millennial) quanto as gerações anteriores não tiveram nenhum tipo de educação financeira. Nós não aprendemos nada sobre dinheiro no colégio. Você vira adulto e não tem noção de como mexer com dinheiro, como guardar, como aplicar, quais são as melhores estratégias.

    A sacada da Z1 foi a partir dessa premissa: por que não introduzir autonomia e educação financeira na vida das pessoas desde cedo? A Z1 é uma conta digital para adolescentes atrelada a um cartão Mastercard. Brincamos que nosso cartão é um cartão de “créBito” porque ele é um cartão de crédito pré-pago mas que só possibilita o adolescente a gastar o que tem na conta, ou seja, atua como um cartão de débito. Optamos pelo crédito pré-pago para viabilizar as compras online, um grande diferencial para essa geração.

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    Mas o cartão é um ‘escudo anti-dívidas’ para que os adolescentes não corram o risco de se endividar. É importante como marca ter essa responsabilidade com nosso público. Não faria sentido dar um cartão de crédito para adolescentes que estão aprendendo sobre educação financeira correrem o risco de se endividarem. Também criamos uma comunidade de adolescentes e influenciadories visando manter uma proximidade com elies para pensar na evolução do nosso produto.

    Fundadores da Z1, João Pedro Thompson (ex-Vereda Educação), Thiago Achatz (ex-Yellow e Rappi), Sophie Secaf (ex-BOX 1824) e Mateus Craveiro (ex-Pagar.me). Imagem: Divulgação.

    A Z1 chega ao mercado com o intuito de incluir um público que ainda recebe a mesada em papel. Vocês colocaram isso em uma entrevista que vocês deram recentemente. Que público é esse. Qual é a idade do público de vocês? Qual a classe social?

    Eu nem reforçaria a palavra mesada, uma pequena porcentagem dos nossos usuários ganha mesada e essa é a realidade do Brasil. Nosso produto é para menores de 18 anos e nosso público é bem diverso, desde a idade até classe social. Uma minoria dos nossos clientes são da classe A.

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    Temos clientes pelo Brasil todo em de todas as classes sociais e isso é algo muito importante para nós na Z1, a questão da democratização e do acesso. Queremos democratizar o acesso para todes adolescentes brasileiries.

    Da mesma forma que bancos digitais oferecem um produto para a população desbancarizada, a Z1 quer dar este mesmo acesso e bancarizar os adolescentes. Queremos adquirir esses clientes antes, enquanto adolescentes e que eles fiquem com a Z1 para a vida toda.

    Falar com esse público pertencendo a uma outra geração não é fácil. Recentemente nós vimos essa história de que eles categorizam os Millenials como cringe, que são aquelas pessoas que envergonham eles perto dos amigos, e tudo mais. Como vocês acompanham esses movimentos para dialogar da forma correta com esses adolescentes?

    Teoria geracional nada mais é do que entender comportamentos influenciados por grandes eventos que deixam valores, comportamentos, e por aí vai. Os Millennials, de forma generalizada, são conhecidos por um comportamento mais idealista, a geração que quer viajar o mundo, que consolidou a prática do ‘home-office’, da economia colaborativa, a geração que tem grandes sonhos. Ela nasce num contexto de globalização.

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    A geração Z, nascida pós 1995 já é muito diferente. É uma geração muito mais pragmática, tem uma pegada mais irônica, experimental. Para entendermos a diferença desses comportamentos é muito importante entendermos o contexto em que elas vivem.  A geração Z nasce num mundo muito mais complicado, vendo os pais ganharem até menos dinheiro do que a geração anterior, já nascem com um mundo em recessão, com altos índices de desemprego, sem falar nas diversas crises climáticas e políticas.

    É quase como se tudo de ruim estivesse no colo deles, existe uma sensação que é preciso sobreviver, antes de pensar em qualquer outra coisa. E tudo isso através de uma lente extremamente pública, por conta das mídias sociais. Por conta da velocidade, do acesso e da onipresença das informações esta é uma geração tem um comportamento extremamente hipercognitivo, porque vive consumindo várias coisas na internet ao mesmo tempo. Tem uma linguagem muito mais imagética, se comunica mais por mensagem do que no presencial. E o mais importante de tudo, cresceram num contexto que precisa de mudanças estruturais urgentes e se sentem porta-vozes dessa demanda.

    Na minha opinião, o que aconteceu com essa história do cringe é que os Millenials tiveram uma reação exagerada a uma onda de piadas da Geração Z online. No começo a brincadeira foi superengraçada, o twitter surtou, na Z1 fizemos até um post engajando com isso. Mas também acho que devemos tomar vários cuidados ao taxarmos isso como uma guerra geracional e incentivarmos essa perspectiva. Na chamada guerra geracional moram diversos perigos. É muito importante termos empatia e praticarmos o poder de escuta no lugar de já sairmos estereotipado gerações.

    As gerações vão muito além do que a mídia coloca na internet e das piadas que rolam online. Nós na Z1 olhamos para essa geração além de uma lente do Tiktok. Temos que olhar para o offline, para o Brasil todo. A grande chave é estar olhando e perguntando para a própria geração Z o que eles acham do mundo, da sociedade, do surto do cringe, das reações etc. 

    Sophie Secaf, co-fundadora e CMO da Z1. Imagem: Divulgação.

    A repercussão toda dessa história acaba dizendo mais sobre os Millenials e sobre as pessoas que repercutiram isso, como uma dificuldade de lidar com a crítica, do que sobre o público da Geração Z, seria isso?

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    Eu acho que às vezes esquecemos que a geração Z é feita de crianças e adolescentes que nasceram pós 1995, se expressam de forma engraçada e irônica e estão se expressando, errando, aprendendo, tudo de uma forma extremamente pública. Brincaram com os cringes café da manhã, Harry Potter, com o emoji de risada, o que eu até acho bem engraçado e as reações foram totalmente radicais.

    Concordo com o seu ponto e eu acho que sim, os Millennials tiveram uma reação exagerada a uma simples tirada de onda na internet. Mas tem um ponto mais importante que isso, na minha opinião que é o papel da mídia nessa história. De como a mídia surfou nessa onda e foi rápida em estigmatizar tudo isso como uma guerra geracional. Esse espetáculo midiático que é perigoso pois incentiva muita gente a tentar definir uma geração de forma extremamente superficial.

    Teve um caso nos Estados Unidos, de um professor que tuitou “a geração Z sabe tudo sobre esses Tiktokers e cringe mas não sabem nada sobre cultura geral e história”. Essa estereotipagem e generalização é totalmente incabível, ainda mais vindo de um professor. É como eu falei, são crianças e adolescentes errando e aprendendo de forma muito pública e essa redução, na minha opinião, fala muito mais sobre como a mídia é sensacionalista e acaba ignorando diversas qualidades e potências dessa geração do que os comportamentos das gerações em questão.

    Um exemplo é sobre como rolou a taxação dos Millennial como a geração “nem-nem”, os categorizando como preguiçosos e pessoas que não querem trabalhar. Essa generalização não considera diversas questões estruturais da sociedade como acesso à educação e emprego, preconceitos, novas formas de se comportar e trabalhar (como por exemplo fazer bicos, ser autodidata).

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    Como que vocês pretendem ajudar esse público da Geração Z a construir sua autonomia utilizando o serviço de vocês?

    Acho que o acesso à economia digital é o primeiro passo. Poder usar nosso produto para não só gastar dinheiro de forma independente mas também receber dinheiro de trabalhos, freelas, vaquinhas, etc. Um grande diferencial nosso na Z1 é que falamos com o adolescente, não com os pais. Nós acreditamos em não subestimar esses jovens e por isso tudo que fazemos é pensando neles e em na autonomia delies em primeiro lugar. 

    Nós temos muitos planos, queremos dar uma atenção também à educação financeira. Hoje, também acreditamos que o conteúdo que produzimos como marca é uma forma de trocar conhecimentos e recursos com essa geração, ainda mais durante a pandemia e todes trancades em casa. No nosso tiktok, que já está com quase 80 mil seguidores, nós falamos sobre causas, problemas, dicas que realmente importam para essa geração, não apenas sobre o nosso produto.

    Temos parcerias com criadories de conteúdo que são dessa geração, ou seja, sofrem as dores da geração e usam o nosso produto. Estamos sempre perguntando quais assuntos importam para elies, o que acham interessante e por aí vai. Por exemplo, tem uma parceira nossa que é adolescente, estuda psicologia e ela fala no nosso Tiktok sobre saúde mental, ansiedade durante a pandemia e como está difícil ser adolescente durante esse período.

    Qual o principal diferencial do produto de vocês em relação às demais ofertas disponíveis no mercado?

    Nós falamos com o adolescente, não com os pais. Acreditamos na autonomia delies e queremos ajuda-les na tão esperada independência financeira. Procuramos entender as demandas desse público e praticar a escuta porque, afinal, nosso produto é para melhorar a vida delies.

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    Outra coisa é que com o cartão Z1 Mastercard nossos clientes podem fazer compras tanto físicas quanto online, ou seja, podem usar para games, comprarem skins, roupinhas online, participarem de vaquinhas, diversas coisas que fazem parte do comportamento destes jovens. Nós cobramos uma mensalidade de R$ 10 por mês, mas nenhuma das operações que os adolescentes fazem dentro do nosso app são cobradas (pix, boletos, emissão do cartão e logística).

    Muitos bancos dizem ser de graça mas são cheio de taxas escondidas ou ‘surpresinhas’. Acreditamos na transparência e por isso optamos por esse modelo, para podermos oferecer o melhor produto, com transparência, ainda mais para um público que está começando a aprender sobre finanças. Outro ponto que eu considero um diferencial é que a Z1 leva muito a sério a diversidade e proporcionalidade. Queremos ser uma empresa pioneira em diversidade no Brasil.

    Estamos no começo, mas já temos diversas iniciativas para essa construção. Todas as nossas vagas abertas agora são exclusivas para pessoas pretas, trans e/ou mulheres. Também temos metas internas sobre o assunto e permitimos que adolescentes tenham um cartão com o nome social escolhido.

    Também usamos a linguagem neutra internamente e em todas nossas comunicações para incluirmos todes adolescentes. Isso gera alguns haters que falam que não sabemos escrever da forma correta mas não estamos nem aí. Compartilhamos dos valores dessa geração e queremos construir uma empresa e cultura acolhedora e legal de verdade, o mundo não precisa de mais uma empresa errada, já basta o mundo. 

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    A Z1 começou a operação em outubro do ano passado. Vocês já conseguem fazer um balanço desses primeiros meses desde o lançamento da empresa?

    Estamos super bem, com um crescimento de 200% por mês. Nós participamos de um programa de uma aceleradora, o Y Combinator, e foi excelente. Acreditamos que vamos ter o melhor produto e ser a marca mais relevante para essa geração.

    E vocês estão preparando alguma novidade na Z1?

    Tem uma feature que vamos lançar nas próximas semanas que vai ajudar ainda mais nesse acesso da galera. Estamos bem focades em fazer o melhor produto do mercado para adolescentes. Também teremos várias novidades do lado de marketing e conteúdo, nos acompanhem para os próximos capítulos!

    Conheça nosso podcast

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