Essa semana eu entrei numa discussão quase filosófica no trabalho: a ação de Marketing do Burger King na Noruega, onde a empresa oferece Big Macs para testar a fidelidade de seus seguidores foi um tiro no pé ou algo relevante pra marca? Afinal, “perder 30 mil seguidores” parece o Apocalipse pra qualquer social media lúcido. Mas então porque esses noruegueses acharam que valia a pena correr o risco? Publicitários marketeiros, calmem! É só uma página do Facebook!
Essa semana correu a internet a notícia de que o Facebook está reduzindo o alcance orgânico das páginas. Agências e clientes entraram em parafuso com a notícia. Desespero total. Óbvio que, como na internet todo mundo se acha o dono da razão, já vieram um milhão de teorias, e a mais falada foi: “oh, é claro que o Facebook vai diminuir o alcance, pras empresas pagarem mais”. É claro. Mas você sabe porque isso está acontecendo? Vamos lá.
Rede Social é um lugar para se conectar com amigos. Ponto. Facebook não é um veículo. Não é como TV, que você vai assistir pra se entreter. É um site para conectar pessoas. Então entendam que quem está ali quer receber informações sobre amigos, e propagandas incomodam. Muito. Só fazendo um paralelo, anunciar no Facebook é ser aquele amigo moambeiro que em todas as oportunidades fica divulgando e insistindo pra você comprar algo. Existe algo mais irritante?
Empresas começaram a querer se aproveitar de um espaço de amizades para promoverem-se. Vendo isso, o Facebook criou espaços reservados para elas. Sabe por quê? Porque eles sabem que empresas e usuários comuns são itens diferentes e devem ter relevância diferentes. Portanto, se o Facebook está reduzindo o alcance orgânico das empresas é um simples e óbvio motivo: o conteúdo de vocês enche o saco. E aí é uma questão óbvia: se quer encher o saco dos meus pupilos, me pague.
E porque o Facebook está fazendo isso? Já abordei esse assunto aqui e até recomendo a leitura deste post, mas resumo de antemão: adolescentes estão putos da vida com o Facebook, porque não aguentam mais tanto conteúdo irrelevante e anúncios.
Aí vem um comentário como o que li no AdNews essa semana: “Mas será justo com uma marca como o Guaraná Antarctica, por exemplo, que construiu uma base de fãs com mais de 16 milhões de pessoas, ver seus posts com apenas 800, 700 ou 600 likes?”
Sim, e se tem uma coisa que eu aprendi como publicitário é que quando a gente é burro, a vida castiga. E quando você direciona o investimento da sua empresa em um site que você não tem ideia nenhuma do que pode fazer com sua base de “consumidores” você merece esse castigo.
Vamos voltar lá no caso do Burguer King. A empresa perdeu 30 mil seguidores, mas o engajamento da página com menos de 9 mil likes cresceu 5 vezes. Se seu conteúdo for relevante, dane-se se você é uma marca ou não. Ele vai ser mostrado pra 30, 50, 100, ou até 200% de forma orgânica. Mas pra isso é necessário um conteúdo relevante. Re-le-van-te pro seu público. Você já parou pra pensar se o seu conteúdo é realmente relevante?
Estamos falando de uma rede social. Falam da redução da visualização orgânica do Facebook como se tivessem decretado uma nova ditadura. Não tem nem 3 anos que o Facebook é a principal rede do Brasil. Eu fico me perguntando: o que essas empresas e essas agências faziam há 3 anos atrás?
Penso que deveriam inaugurar uma graduação em Facebook. Pelo menos ia fazer publicidade quem quer entender de publicidade. Porque hoje, se não tiver Facebook em uma campanha, parece que você não entende nada de publicidade.
Não, não estou dizendo que não deve ser feito investimento em Facebook. Você precisa estar lá. É uma ferramenta muito importante para estar próximo ao seu cliente. Mas CRM é algo bem, mas bem além do Facebook.