Faz tempo que eu ouço que o storytelling é a mais eficiente forma de criar um vínculo entre a marca e o consumidor. Como todo publicitário é desesperado por seguir tendências de comportamento não é surpresa que a técnica tenha explodido nos últimos tempos.
Tudo muito bom, tudo muito bem; mas em questão de dias, três cases ganharam destaque por acusações a respeito da… hm… maquiagem em torno de suas fabulosas histórias.
Diletto
De acordo com uma matéria da Exame, o amplamente explorado vovô Vittorio Scabin, que fabricava sorvetes na Itália durante a Segunda Guerra Mundial nunca existiu. E na verdade o nome e até mesmo a imagem do senhor veiculadas pela empresa são peças publicitárias.
A Diletto se contrapôs e depois de tanto responder todo mundo, acabou emitindo uma nota oficial explicando o ocorrido que foi praticamente uma licença poética e, na verdade o personagem era um alterego, não exatamente o avô de um dos sócios.
Qual parte é verdade, qual é mentira, ainda não me parece muito claro. O que ficou claríssimo foi a agilidade desse concorrente na zoeira:
Sucos Do Bem e a Fazenda do Sr. Francisco.
Se a história da Diletto parece lúdica demais, quem dirá a dos sucos Do Bem. Segundo a marca, as laranjas da marca vêm da “fazenda do sr. Francisco, do interior de São Paulo” e completa: num “esconderijo secreto que nem Capitão Nascimento poderia descobrir”.
O que pra mim não agrega %$#@ nenhuma uma laranja vir do interior de SP ou de Marte, mas pra esse povo adora fazer papel de besta com essa onda do ~orgânico~ deve surtir algum efeito.
Mas o fato é que o público foi atrás e pressionou. E a empresa caiu na pilha, postando um comprovante da NF do tal Sr. Francisco no Facebook. O que eu nunca, mas nunca mesmo, recomendaria a alguém.
Lasanha Seara e o especialista em lasanha que não vende lasanha
Um post no BuzzFeed foi capaz de balançar os 30 anos de credibilidade tão elogiados (inclusive aqui) da linda da Fátima Bernardes. Isso porque, segundo o post, Cesare Giaccone, o tal especialista em lasanhas não vende o prato em nenhum de seus restaurantes. E não há sequer relatos de que ele um dia tenha vendido.
Mas se o assunto poderia passar como mera especulação, o fato é que, na verdade, a McCann emitiu também uma bendita nota explicando que “a relação dele com o produto na condição de consumidor altamente exigente que é”.
O que fica bem estranho, quando comparado ao vídeo em onde a jornalista apresentadora afirma categoricamente que ele é “dono de um restaurante na Itália que faz uma das melhores lasanhas do mundo”. Poxa Fátima… =(
https://www.youtube.com/watch?v=l0_2PwfvzCA
Algo me diz que algum restaurante italiano vai passar a vender lasanhas em breve…
Análise
Como marca, acho perigoso. E quem me conhece sabe o quanto já briguei na vida por questões éticas + publicidade. Mas no fim, não sendo crime, eu até respeito que os limites éticos variem de pessoa pra pessoa.
Eu não gosto. Mas também não acho que seja algo efetivamente prejudicial e, como consumidor, acho até exagero o envolvimento do Conar, sendo que como auto-regulamentadores eles não possam fazer nada mais que recomendar qualquer coisa.
Daqui a pouco vão abrir processo pra investigar porque o urso que anda de scooter não existe de verdade.
O problema é que a tacada final é do consumidor. Um consumidor que não pode piscar o olho que dá de cara com um anúncio publicitário. E se tem uma coisa que esse cara aprendeu na vida é criticar um anúncio. Principalmente se estivermos falando de internet.
Conclusão
São bobeiras que não danificam em nada a qualidade do produto se retirados; mas mostram que há uma certa mania de querer aumentar demais uma história pra parecer mais atrativa; quando a verdade basta.
As acusações são quase briga de criança. Um modo de falar aqui, uma aumentadinha ali e não deveriam efetivamente tomar a proporção tomada; mas o fato é que com um consumidor tão crítico os tempos são difíceis pra quem quer contar histórias. Ainda mais se elas parecerem lúdica ou perfeitas demais.
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