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    ‘Escrevendo na Quarentena’ promove cursos de redação gratuitos para jovens cidadãos de baixa renda

    Neste episódio vamos conversar com Allan Anjos e Cecília Oliveira, do Escrevendo na Quarentena. Um projeto que promove cursos de redação gratuitos para jovens cidadãos de baixa renda.

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    Neste episódio vamos conversar com Allan Anjos e Cecília Oliveira, do Escrevendo na Quarentena. Um projeto que promove cursos de redação gratuitos para jovens cidadãos de baixa renda.

    Na conversa nós falamos um pouco sobre como surgiu o projeto, como ele impacta a vida dos jovens e de como qualquer pessoa pode conseguir participar ou ajudar. Confira:

    O que é o Escrevendo na Quarentena?

    [Cecília Oliveira] O Escrevendo na Quarentena foi um projeto que surgiu no ano passado, com o intuito de ajudar alunos de escola pública de baixa renda com a redação. Com o passar de várias aulas, nós percebemos que não era só redação que estávamos explicando, nós estávamos proporcionando muito mais do que isso.

    Através da redação nós conseguíamos mostrar para os alunos como eles conseguiam pensar de forma crítica [sobre] problemas da sociedade. Falando não só de questões políticas, mas também de questões culturais. E todo esse ensino que trouxemos para eles deu muito certo. Muitos alunos conseguiram entrar nas universidades neste ano por conta do Escrevendo na Quarentena, tiraram notas altas na redação. E aí foi que nós tivemos um “boom” nas nossas inscrições. Neste ano nós retomamos nossas aulas e agora estamos com 3 turmas e aproximadamente 150 alunos fazendo a diferença.

    [Allan Anjos] Só um complemento pequeno. Durante estes 2 anos nós conseguimos trazer para os alunos algumas coisas que não eram esperadas no início de tudo, que é esse processo de emancipação de modo geral. O aluno pode usar esse processo de escrita e leitura da forma que ele quiser. Seja próximo ao vestibular ou não. Seja para uma forma de expressão cultural, para se inserir de uma forma mais qualificada no mercado de trabalho… Nós conseguimos adequar essa ferramenta para que o aluno sentisse a real necessidade e para que nós conseguíssemos, realmente, nos emanciparmos e tomarmos decisões sobre as nossas próprias vidas.

    Quais foram os maiores feitos do Escrevendo na Quarentena até hoje?

    [Allan Anjos] Realmente essas vitórias do dia-a-dia são as maiores. Nós ficamos superfelizes quando chega no final do ano e nós recebemos aquele monte de mensagem falando “meu, eu passei”, ” deu tudo certo, tirei uma nota boa, estou feliz”. No ano passado foi a maioria deles. O que nos deixa muito felizes.

    Saber que um aluno te chama para falar alguma coisa da vida dele ou para falar que está tentando. Que está difícil, mas ele ou ela está conseguindo. Ou para falar que o vestibular está difícil, mas que conseguiu usar aquela ferramenta para arrumar um trabalho ou para se expressar para a sociedade, é incrível. Nós ficamos completamente apaixonados por essas situações. E nós sentimos isso todos os dias.

    As aprovações mais essas mensagenzinhas do dia-a-dia são o momento em que ficamos mais encantados em torno do projeto. Não só com os alunos e alunas, mas também com a estrutura. Nós temos uma organização que acaba ajudando a gente e quando eles sentem felizes realizando o trabalho, quando eles se sentem pertencentes, nós ficamos felizes porque sentimos que está dando certo, realmente, né.

    [Cecília Oliveira] Dentro do Escrevendo na Quarentena, além de darmos aula de redação nós sentimos essa dificuldade de que os alunos que nós estávamos dando aula não tinham um déficit só dentro da redação. Eles tinham de um modo geral com o vestibular. Então nós buscamos colegas universitários para serem mentores desses alunos. Eu sou uma dessas mentoras. Sou mentora de uma aluna que é mãe, tem 24 anos e ela já saiu da escola tem um tempo, mas o sonho dela é fazer medicina. Desde o começo das aulas eu fui acompanhando ela, fazendo ligações semanais. Treinando redação.

    A primeira redação que ela fez, ela tirou 200. Ela ficou muito triste com isso, mas eu falei “fique tranquila, porque é um processo”. Na semana passada ela me chamou no Whatsapp e, literalmente, me mandou um áudio chorando e falando que tinha tirado 800. Eu fiquei muito, muito feliz.

    Nós vamos criando um vínculo com os alunos. Fazendo ligações semanais e entendendo um pouco do contexto da realidade dessas pessoas. Saber que, de alguma forma, ela está encontrando tempo e motivação e vendo o resultado do esforço, é muito gratificante. São essas histórias que fazem com que a gente queira continuar.

    Como que vocês acham que a parceria com Nestlé vai ajudar o Escrevendo na Quarentena?

    [Cecília Oliveira] Para ser bem sincera, depois que nós entramos na mentoria da Nestlé muitas coisas mudaram. Não só na questão de mudar no dia-a-dia, mas no nosso pensamento. Tudo agora é muito mais pensado de uma forma mais estratégica. Então nós estamos pensando no futuro.

    Tiveram diversas palestras durante a mentoria que fizeram com que nós olhássemos para o EQ com os olhos mais brilhantes ainda. Olhamos para aquilo pensando realmente no futuro e em como poderíamos atuar. Em como determinadas coisas poderiam impactar na realidade dos nossos alunos. Seja em questão de parcerias, de organização da estrutura. Daqui pra frente, nós olharemos para o EQ com os olhos muito mais esperançosos.

    Quando falamos de um projeto que tem esse viés educacional é muito difícil ter investimentos públicos, apoio da sociedade civil, então acho que ter participado da mentoria nos deu esse suporte. Para entender que conseguimos, de fato, fazer o EQ crescer cada vez mais e alcançar um maior número de alunos e de voluntários. Nós acreditamos que essa divulgação vai ajudar bastante, porque quanto mais pessoas souberem do EQ, mais conseguimos democratizar o acesso à educação e mais conseguimos criar uma rede de apoio para fazer o EQ crescer cada vez mais e trazer pessoas de diversos lugares.

    [Allan Anjos] Parcerias do tamanho dessa mudam muita coisa dentro de um projeto. E com essa não está sendo diferente. Quando você muda, não só no sentido estrutural, mas no seu pensamento do dia-a-dia, como você vai pensar as coisas de forma estratégica e como você vai receber tudo isso, é uma mudança a médio e curto prazo dentro do projeto. E está sendo muito assim dentro do Escrevendo na Quarentena.

    Se a Nestlé tivesse só oferecido a proposta de fazer algum tipo de divulgação nossa, já seria incrível. Mas essa divulgação vir com uma capacitação para que a gente consiga olhar de uma melhor forma para o contexto em que nós estamos inseridos, o que nós somos, o que nós queremos ser e conseguir receber toda essa divulgação de uma forma muito mais sólida e estruturada é muito gratificante.

    Como vocês gostariam que o Escrevendo na Quarentena estivesse daqui há 5 anos, mais ou menos?

    [Cecília Oliveira] Nós temos planos de, quem sabe um dia, termos uma sede presencial, porém, como nós começamos durante a pandemia, é muito importante falarmos que a ideia surgiu por conta das desigualdades potencializadas durante a pandemia. Nós sentimos que o contexto não era só aqui em São Paulo, mas no Brasil inteiro. Os alunos estavam sem aulas durante aquele período e nós gostaríamos de ajudar nossos colegas, que depois se transformaram em pessoas que são de outros estados.

    Atualmente nós temos alunos de diversos locais, por conta da questão da pandemia. Hoje nós conseguimos dar aula para alunos que estão no Espírito Santo, no Acre, na Bahia, no Rio de Janeiro, o que é uma coisa que o presencial não permite. Estando no presencial daríamos aula só para quem está em São Paulo, por exemplo, que é a região em que a maioria dos voluntários reside. Nós sentimos essa vontade, mas acreditamos que o ensino à distância já é uma realidade, então nós conseguimos nos adequar muito bem a isso, o Brasil como um todo. Mas aí é levar em consideração questões de acesso à internet, equipamentos, mas a longo prazo, além da questão de ser remoto ou presencial.

    Nós enxergamos o EQ como um projeto que vai para além da redação. Queremos ajudar os alunos com material didático, apoio psicológico, para que realmente nós possamos utilizar a redação cada vez mais como uma ferramenta de emancipação, de promoção de direitos a esses alunos. Para que eles olhem para a redação não como uma forma de escrever, mas como uma forma de se emancipar de pensamentos do senso comum. Que eles consigam pensar de forma mais crítica sobre problemas da sociedade. E o caminho é realmente bem promissor neste sentido.

    [Allan Anjos] Contando um pouco a história de quem está dentro do corpo da estrutura, nós sempre estudamos em escola pública e nós no início pensamos que era só sobre a pandemia e sobre as desigualdades que surgiram na pandemia, mas não. Eram desigualdades que já estavam lá e que foram potencializadas neste momento. E percebendo isso, nós vimos que não tem como nós diminuirmos agora, na verdade é o contrário, nós estamos em processo de expansão. E a ideia é essa.

    Expansão no sentido de continuar atingindo mais pessoas no Brasil. Esse modelo online já está aí. Nós vamos conseguir aproveitá-lo. Nossa ideia é que possamos utilizar isso da melhor forma, que consigamos alcançar mais gente, potencializar o Escrevendo na Quarentena a partir de um modelo online, mas que também consigamos atingir lugares que precisam da gente, comunidades locais, um presencial etc. E isso vai muito da demanda dos alunos e das alunas. Nós estamos sempre disponíveis, mas sabemos que devemos expandir. Porque nós sabemos que essas desigualdades existem e nós queremos continuar atuando sobre elas, tentando ajudar de alguma forma esse cenário que não está tão bom.

    Como quem está lendo a nossa matéria, que queira ajudar no projeto, pode fazer para falar com vocês?

    Nós temos muitos gastos hoje. Associações realmente têm dificuldades para conseguir qualquer forma de verba ou conseguir se manter com as próprias pernas. Então estamos superabertos a todos os tipos de parceria para continuarmos ajudando alunos e alunas. Hoje nós temos o Instagram, que é @escrevendonaquarentena, temos o Facebook que é Escrevendo na Quarentena e o Linkedin, que também é Escrevendo na Quarentena. Em todas essas redes sociais nós conseguimos receber contato.

    Gostaria que vocês deixassem uma mensagem para as pessoas que querem ter um projeto como o Escrevendo na Quarentena, mas que ainda não tiraram a ideia do papel. O que elas podem fazer e por onde elas podem começar?

    [Cecília Oliveira] Você não precisa de muito dinheiro. No caso do Escrevendo na Quarentena nós não precisamos de nem um centavo para fazer com que os alunos que estão entrando na faculdade tivessem uma perspectiva de vida melhor.

    O primeiro conselho que eu dou é: se você tem uma ideia, corra atrás, chame pessoas que você considera que vão te ajudar e entrar para ajudar neste projeto, entre de cabeça, sempre leve em consideração que pessoas serão impactadas, que você estará transformando realidades. Pode ser de uma, duas, três, mas lembre-se sempre que são vidas, então a partir do momento que você quantifica isso em vivências e realidades, isso se torna muito maior.

    Então quando nós falamos do Escrevendo na Quarentena, dessa decisão que tomamos, não foi algo para nós, foi algo mais para trazermos para estes jovens uma nova perspectiva de vida, um novo conhecimento. É muito difícil empreender dentro deste contexto, mas confiem no potencial de vocês e criem uma rede de apoio, porque com força de vontade e com muita persistência com certeza vai dar muito certo.

    [Allan Anjos] Eu tenho duas dicas que eu queria deixar aqui hoje. A primeira é que nós pensamos em desistir em algum momento e não paramos. E eu fico muito feliz em ter tomado essa decisão em algum momento, de não ter parado. Porque eu não tinha noção do quão grande era o impacto que nós estávamos causando. Quando nós estamos imersos no processo, trabalhando, construindo algo com alguém, não percebemos que estamos fazendo uma coisa linda, incrível, e que deve ser potencializada. Então se você já faz alguma coisa na sua rua, ou um projeto gigantesco, não desista, nós precisamos de projetos assim. Eu preciso de projetos assim. Eu falo como pessoa que saiu da periferia e tem a vida baseada em projetos como este. Nós precisamos que vocês continuem fortes e firmes. Independente se as coisas não estão dando certo, elas vão dar em algum momento.

    A segunda dica é para quem está pensando em começar. Quem vive os problemas do dia-a-dia é quem está na ponta. O cidadão ou a cidadã que pega o ônibus cheio, que vai para a escola e às vezes não tem uma educação de qualidade que não aprendeu redação no ensino médio… Então somos nós que sentimos esses problemas. Nós que estamos todos os dias sofrendo por isso. Então somos nós que precisamos construir formas de melhorar este cenário. A competência e a responsabilidade não deveriam ser nossas, mas se você está ali e sabe como fazer, faça. Porque isso causa um impacto absurdo lá na frente e te melhora como pessoa. É muito gratificante o processo final.

    Sobre o projeto Geração Que Faz Bem

    Em mais uma iniciativa de celebração dos 100 anos de Brasil, a Nestlé acelerou projetos de impacto social liderados por jovens, para que ganhem escala e ajudem a criar um futuro melhor.

    A marca promoveu mentorias para estes jovens e ainda deve utilizar suas embalagens, que têm penetração em 99% dos lares brasileiros, para dar publicidade aos projetos.

    Conheça as demais empresas participantes e saiba mais do projeto clicando aqui.

    Post patrocinado.

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