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Entrevista com Roberto Matsuda, da Fruta Imperfeita

Conversamos com Roberto Matsuda, idealizador do projeto Fruta Imperfeita que tem como intuito reduzir o disperdício de frutas e legumes. Assista.

Nesse episódio da nossa série Os Próximos Passos by Johnnie Walker, nós conversamos com o Roberto Matsuda, da Fruta Imperfeita, um projeto de venda de frutas fora de padrão de mercado que tem como objetivo reduzir o desperdício de alimentos.

Na conversa nós falamos um pouco sobre como cada pessoa pode fazer para evitar o desperdício de alimentos, o impacto do projeto enquanto movimento, e da parceria com Johnnie Walker, que vai estimular o uso das “frutas imperfeitas” nos drinks.

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O que é o Fruta Imperfeita? Como surgiu esse projeto?

Eu sou filho de agricultores, meus pais plantavam flores, mas eu fui fazer engenharia e entrei na indústria, comecei a trabalhar, mas sempre quis empreender. Porém eu nunca achava aquele projeto ideal, aquela superideia e continuava no meu emprego. Em 2015 eu comecei a olhar muito para as questões sociais, os problemas que existiam no mundo e ideias de negócios que pudessem ajudar a resolver isso.

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Foi nesse momento que comecei a pesquisar sobre o tema alimentação e desperdício e vi que o número era gigantesco. Lembrando um pouco da minha infância, com meus pais que plantavam flor, eu fui atrás dos pequenos produtores rurais, para tentar entender qual era a dificuldade deles e o que estava relacionado a esse desperdício. Visitei mais de 50 produtores e a maioria deles começou a falar sobre a padronização dos alimentos.

Existe essa questão da estética, de tamanho, formato e cor que as redes varejistas não aceitam se não estiverem dentro dos padrões. Não é pelo alimento estar ruim, estragando ou amassado, é simplesmente pela aparência que eles não aceitam. E, por conta disso, esses produtores não conseguiam vender. Então, observei que grandes produtores conseguiam comercializar, por exemplo, para a indústria ou para uma cozinha indústria porques tinham uma grande quantidade e uma logística que permitia vender a um preço bem barato e competitivo. E os pequenos produtores, sem essa logística e quantidade, acabavam tendo que jogar fora os produtos fora de padrão. O que contribuía muito para o desperdício de alimentos. Foi aí que eu vi uma oportunidade de criar um negócio que pudesse ajudar a resolver um problema. Tanto com o desperdício de alimentos, quanto nessa questão dos pequenos produtores.

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Depois disso, comecei a buscar algumas referências no Brasil e no mundo para entender se tinha como fazer esse negócio por aqui.

Como foi a receptividade do público?

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No começo, quando nós vimos esse problema e a possível ideia de como vender, também percebemos a necessidade de expor para as pessoas essa imperfeição. Mostrar muito mais o problema e que eu e os consumidores poderíamos ser parte dessa solução, de ajudar a consumir esses produtos e reduzir o desperdício de alimentos. Sabíamos que seria muito difícil, porque já estava na cabeça das pessoas o costume de escolher o produto pela aparência.

Com isso, começamos o projeto de delivery, entregando as cestas nas casas das pessoas, tendo o preço como atrativo. Já que era um produto que seria jogado fora, comprávamos ele barato e entregávamos a um preço bem competitivo nas casas das pessoas. Foi muito com essa abordagem que nós chegamos e foi realmente isso, que fez as pessoas olharem e falarem “ah beleza, ele é imperfeito, mas você está vendendo mais barato. Ah então bacana, eu vou comprar”. Isso foi em 2015.

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Em 2016 estava começando a se falar muito de onde vem aquilo que você consome e como é a cadeia, se é justa ou não. A partir daí começou a ter mais pessoas preocupadas e dispostas a pagar mais caro para ajudar o meio ambiente, para ajudar a reduzir o desperdício e para ajudar o pequeno produtor. Então enxergamos esse outro lado e uma nova abordagem de falar “ajude o meio ambiente”, “ajude o pequeno produtor”, “pague por isso também”, “enxergue valor nisso”. Fomos para um nicho de uma classe que já olhava mais para esse lado.

Como vocês imaginam que essa parceria pode ajudar o negócio de vocês nesse momento?

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Quando Johnnie Walker nos procurou para falar sobre os 200 anos da marca e como eles estavam imaginando os próximos 200 anos, pensamos isso tem tudo a ver. “Os nossos próximos passos agora vão definir os próximos 200 anos”, principalmente em como estamos no mundo hoje, é muito importante falar sobre isso.

Estamos falando de drinks perfeitos, a estética tem muito a ver, como é que conseguimos fazer isso com as frutas imperfeitas? Foi muito bacana, porque estávamos justamente nesse momento. Como falei para você, começamos com uma questão de preço, mas fomos para a questão do apelo que temos e vimos que nosso público acabou se tornando um público de renda mais alta, mas que estava ali disposto a pagar mais para tornar uma cadeia mais justa e também por aquilo que enxergam um valor.

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Então quando Johnnie Walker veio falar com a gente fez todo o sentido, porque nós conseguiríamos elevar a um próximo nível. Estamos partindo de um “ah são frutas e legumes”, “não desperdice” para “além disso ela ajuda o meio ambiente, ela ajuda o pequeno produtor, e ela pode trazer mais sabor, propósito e mais valores para o seu drink”. No final o que você quer é o valor, e o sabor está ali. Está na imperfeição, podendo trazer, no final, um drink perfeito, que é o que? É a bebida, é o que a fruta tem que trazer para aquele drink, mas também toda essa magia por trás. Então ter todo esse porquê por trás também traz valor. E a marca falando disso, “os próximos 200 anos você tem que repensar o seu consumo”, faz muito sentido e ainda traz mais esse toque.

No site de vocês está escrito que 45% de todas as frutas e hortaliças que nascem são perdidas. Como você acredita que as pessoas, com pequenos gestos, podem ajudar a reduzir esse desperdício?

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Para chegar nesses 45% de desperdício tem uma parte no campo, na logística, na indústria e tem uma parte no consumidor. A ONU, que é quem traz esses dados, e esses 45% é da América Latina, então estamos falando de Brasil, e ela divide esse número entre perda e desperdício. O conceito de “desperdício” é aquilo que, por exemplo, você coloca no prato e deixa sobrar, é aquilo que você compra no supermercado, estraga em casa e você acaba jogando fora. O conceito de “perda” é a perda de processo: o produtor está lá, ele planta uma tonelada de maçã, ele perde um pouco porque amassa, perde mais um pouco na logística, a indústria perde uma parte. Então eles falam muito de perda, não é aquilo que “estou desperdiçando”, é perda de processo mesmo. Mas para nós do Fruta Imperfeita, entendemos que, na verdade, a grande maioria de tudo isso é desperdício.

No site também diz que foram salvas 1000 toneladas de frutas, legumes e verduras durante os últimos 4 anos de operação, você conseguiria atualizar esses dados ou vocês teriam alguma meta?

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Hoje já estamos com 5 anos no mercado, e batemos 1500 toneladas de produtos. Tivemos uma procura bem grande agora na pandemia, por ser um delivery, mas o que enxergamos é que podemos trabalhar mais ainda. É claro que olhando mais para o longo prazo vemos muito essa questão de conseguir avançar para outros locais, com outros tipos de produtos. Mas hoje, enquanto métrica, queremos ver cada vez mais produtores, ajudar mais produtores e impactar mais pessoas.

Enxergamos sempre a Fruta Imperfeita enquanto movimento, de cada vez mais estar chegando em mais pessoas, mas enquanto business, nós entendemos que podemos crescer bastante ainda. Nós não temos números assim para falar “ah cara, quero chegar a tanto”, mas entendemos que temos uma jornada bem bacana para trilhar, e cada vez impactando mais.

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Se alguém quiser fazer parte desse movimento, um executivo ou até algum consumidor que tenha alguma ideia e queira entrar em contato com vocês, como eles podem fazer?

Nós, como movimento, queremos trazer cada vez mais pessoas para entender isso, e verem como elas podem agir, seja no consumo delas, ou seja também trazendo novas ideias e fazendo coisas onde elas estão. Nesses 5 anos de projeto e empreendendo, no meu caso em específico que vim da indústria, empreender é muito bacana, porque você conhece pessoas que vêm com ideias e que estão de cabeça aberta para receber ideias também, e se você acaba fazendo isso vêm muita gente bacana. Já tivemos várias parcerias e coisas que conseguimos fazer com pessoas que vieram, por isso somos superabertos a fazer algo e a dar um novo olhar às coisas. A própria parceria com Johnnie foi muito assim, “vamos dar esse novo olhar para os drinks”.

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Nós temos nossos contatos, nossas redes sociais e estamos totalmente abertos a que as pessoas venham. É realmente um convite para enxergar essa parte de consumo, de como ela pode fazer mais sentido, como ela pode ter uma cadeia muito mais sustentável e melhor, e como podemos ressignificar muita coisa. Dentro dessa temática as possibilidades são infinitas e, com certeza, para nós essa estratégia de cada vez diversificar mais dentro desse movimento, é bem-vindo. Quem quiser vir e trazer novas ideias e olhares fica um convite para entrar no nosso site e nas nossas redes sociais para nos procurar.

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