Um levantamento feito pelo programa Criança e Consumo do Instituto Alana, organização que debate questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, mostrou que a quantidade de publicidade infantil para TV por assinatura aumentou significativamente no segundo semestre de 2020.
Realizado de janeiro a dezembro, em quatro canais infantis – Cartoon Network, Discovery Kids, Gloob e Nickelodeon -, o monitoramento apresentou que só em um mês, em setembro, um aumento médio de 282% na publicidade infantil, em relação à média dos oito meses anteriores.
“Com esse monitoramento esperamos não apenas mostrar que a publicidade infantil, apesar de ilegal, ainda acontece (e muito) nos canais infantis da TV paga, mas, especialmente, contribuir para uma ampla reflexão sobre o caráter injusto e antiético de se explorar crianças comercialmente. É urgente a efetiva mudança de postura das empresas anunciantes e emissoras de TV no sentido de pararem de praticar publicidade infantil e cumprirem, efetivamente, seu dever constitucional de proteger todas as crianças, com absoluta prioridade”, ressalta Maíra Bosi, coordenadora de comunicação do programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.
Só no mês de setembro, o volume de publicidade infantil veiculada nos quatro canais, corresponde a um anúncio a cada quatro minutos de programação. O monitoramento apontou ainda que, em dezembro de 2020, a publicidade nesses canais pagos atingiu seu máximo, sendo veiculado um anúncio a cada três minutos de programação.
O setor de brinquedos aparece como o principal responsável por essa alta no mês do Natal. Ao longo do ano passado, esse foi o setor que mais anunciou para crianças, respondendo por 49,5% dos anúncios direcionados ao público infantil no período do monitoramento.
Além disso, o estudo também revelou um crescimento inédito de publicidade infantil nas mídias digitais do canal: 32,3%. Isso é cerca de quatro vezes mais se comparado ao ano anterior.
O motivo do aumento não foi definido, mas pode estar relacionado tanto à própria mudança nos padrões de consumo de produtos de entretenimento, quanto à pandemia da Covid-19 e o uso mais frequente de aparelhos eletrônicos.