Com apenas 24 anos, Klébio Damas possui mais de um milhão de inscritos no canal Mundo Paralelo, no YouTube. O que começou como hobby e curiosidade de criança, se transformou em sua profissão nos últimos cinco anos.
O influenciador, que também possui mais de 700 mil seguidores no Instagram, revela que adora falar de pautas sociais, mas que considera que seu estilo está mais voltado para o humor LGBTQIA+ e lifestyle.
Nesta entrevista, Klébio Damas fala sobre como a pandemia afetou o seu processo criativo, da sua relação com as marcas e de que a publicidade precisa entender a questão da multiplicidade. Confira abaixo alguns pontos da entrevista.
Como e com quantos anos você começou a criar conteúdo para a internet?
Sempre adorei a internet. Com 11 anos já postava algumas fotos diferentes no fotolog. Mas foi com 16 ou 17 anos, que comecei realmente a produzir conteúdo falando sobre livros.
Depois disso e para crescer, tive que decidir se queria fazer deste trabalho uma profissão ou um hobby. Há cinco anos vivo do meu trabalho na internet e para me profissionalizar tive que mudar de nicho e me adaptar.
O período de isolamento social, imposto pela pandemia da Covid-19, afetou o seu processo criativo?
Sim, afetou muito. Sempre gostei de fazer relacionamento, estar em eventos, reuniões e negociações. Conhecer pessoas novas trazia muita inspiração, assuntos e ideias. Agora, dentro de casa, elas precisam vir de outra forma e as redes sociais me trazem muita inspiração.
No meu canal no YouTube sempre gostei de fazer projetos maiores, que eram gravados por produtoras, onde recebia convidados e, agora, fica mais difícil fazer este tipo de conteúdo. Como falo muito de pautas sociais, gosto de fazer collabs e trazer outras pessoas que tenham local de fala.
Com a mudança de hábito das pessoas neste período, o influenciador também precisou adotar uma nova postura?
Sem dúvidas. Mas, acredito que vai muito de como era o conteúdo de cada pessoa. Existem influenciadores que produzem conteúdo de todos os tipos. Mas, de modo geral, houveram mudanças. Muitos influenciadores cresceram na internet nos últimos tempos e a pandemia dificultou o nosso relacionamento com eles, pois antes a gente encontrava eles nos eventos e tal.
Muitas pessoas acreditam que o trabalho do influenciador é só a ‘publi’, mas tem muita coisa por trás, não é apenas um post em específico. É claro que aquilo é o que traz dinheiro, mas tem o relacionamento, a criatividade, credibilidade e os números. A pandemia também dificultou um pouco o relacionamento e a parte comercial com as marcas, pois muita coisa era realizada pessoalmente.
Como funciona a sua relação com as marcas? Você elabora todo o conteúdo?
Depende. Vai muito de marca para marca. Hoje, graças a Deus, consigo escolher com quais marcas quero trabalhar. Tem muita empresa que já chega com um briefing específico e, até mesmo, mais quadrado, o que geralmente não aceito fazer. Já muitas outras me contratam por saber que vou fazer postagens mais criativas e, com isso, acabo tendo uma licença poética maior.
Então, converso com as marcas sobre como acho que poderia ser introduzido aquele assunto e, na maioria das vezes, eles topam. Há algumas marcas que ainda querem aquela publicidade mais escrachada. Dá para fazer, mas existe uma estratégia para chegar neste ponto. Não é apenas colocar a mensagem e acabou.
É preciso que o influenciador entenda cada caso. Sempre tento priorizar as marcas que realmente querem fazer um conteúdo legal. Atualmente, trabalho com Coca-Cola, Uber e Spotify.
Como parte da comunidade LGBTQIA+, você acredita que as marcas estão abraçando mais a diversidade?
Acredito que sim. Venho acompanhando esse processo de evolução nos últimos anos. De fato, tem aumentado bastante e a comunicação está mais abrangente. Mas claro, ainda não está 100%. Já fiz campanhas que tinham 30 homens e eu era o único LGBT. Mas, de modo geral, está melhorando. Estamos caminhando.
O que ainda precisa mudar nessa relação das marcas com a diversidade? Como sair do discurso e colocar o assunto em prática?
Observo marcas que já fazem trabalhos mais gerais e que vão além da data de celebração do Orgulho LGBTQIA+ e, outras, que só fazem no mês de junho. As marcas precisam entender a questão da multiplicidade. Não é só colocar um casal gay na campanha do Dia dos Namorados para fechar o pacote. Isso ainda precisa ser melhorado.
É preciso colocar mais formas na publicidade. Falo isso também em relação à questão racial, de colorismo, tamanho de corpos e tudo mais. É preciso valorizar o que já foi conquistado, mas há coisas que ainda precisam melhorar nesse quesito.
Você viu o projeto de lei que pretende vetar a presença de pessoas gays na publicidade?
É bizarro. Vivemos um momento onde vários governantes são preconceituosos e tentam dar passos para trás sobre a questão LGBTQIA+. Ninguém vai virar gay por ver uma campanha na televisão. Sempre assistimos héteros na TV e nem por isso todo mundo é hétero. Essa situação é um reflexo deste momento onde parece estar liberado falar sobre tudo o que se quer, mas sem pensar que isso vai ofender o outro.
Quais são os planos para 2021?
Como falei, gosto muito de fazer projetos, quadros de viagens e ir em eventos como CCXP, Rock in Rio, Lollapalooza, mas agora não está tendo nada. Então, tenho alguns planos de quadros novos para o canal. São coisas que consigo realizar em casa mesmo, com a minha equipe e evitando a aglomeração.