Se nós achamos que a publicidade brasileira ainda precisa de muito para chegar a um nível razoável de representatividade, em alguns outros lugares as coisas estão um pouco piores. Durante alguns dos painéis sobre diversidade que participei no SXSW 2019 deu para ter um pouco de ideia de como anda o cenário nos Estados Unidos. Spoiler: um pouco pior do que aqui.
Enquanto no Brasil temos diversas empresas e agências focadas em trazer pessoas fora do padrão estético, mais presença feminina, pessoas LGBTs e negros; o debate norte-americano se volta em torno de três fatores: mulheres, negros e beeeeem às vezes, os latinos.
A maioria das discussões levantadas ainda estão envolvendo a tensão racial provocada por campanhas péssimas como da Gucci, Pepsi e H&M. Ainda assim, algumas coisas interessantes foram vistas durante o painel “How Diversity Became Our Implicit Bias”, que contava com alguns dos principais executivos da Daily, uma agência que tem como objetivo principal a inclusão e a representatividade na publicidade.
Em alguns cartões distribuídos na sala durante as discussões se lia frases de impacto como “Existem menos mulheres CEOs do que CEOs chamados David”. Ou então “Uma agência liderada por um homem branco celebrando a criatividade da mesmice”.
Aparentemente nossa forma de interpretar o preconceito e a falta de diversidade na publicidade é um pouco distinto e, sim, aqui vai um suspiro aliviado em ver que estamos um passo a frente com a publicidade brasileira. Mas é interessante ver que, independente de qual seja o grupo a ser representado, no fim o objetivo é o mesmo. E a causa também.
Agências lideradas por homens brancos heterossexuais não vão mudar a publicidade. Nós, os consumidores, os gays, os negros, as mulheres temos uma luta a seguir. E ela não para por aqui.
O Geek Publicitário viajou para Austin, nos Estados Unidos, para cobrir o SXSW a convite da Young & Rubicam Brasil.