Em uma reviravolta repentina, as autoridades do Catar decidiram de que não será permitida à venda de bebidas alcoólicas como cerveja para os torcedores nos jogos durante a Copa do Mundo de um mês. A decisão, que ocorreu dois dias antes da abertura do torneio no domingo, foi confirmada na sexta-feira pela FIFA. Confira publicação oficial:
“Após discussões entre as autoridades do país anfitrião e a FIFA, foi tomada a decisão de concentrar a venda de bebidas alcoólicas no FIFA Fan Festival, em outros destinos de torcedores e locais licenciados”, anunciou a FIFA. A decisão, disse, significaria “remover os pontos de venda de cerveja dos perímetros dos estádios da Copa do Mundo da FIFA 2022 no Catar”.
A proibição da cerveja é a mudança mais recente e dramática, que complicará o acordo de patrocínio de US$ 75 milhões da FIFA com a Budweiser. A recente restrição enfurece ainda mais os fãs, que já estavam irritados com os custos e inconvenientes do evento.
A FIFA também está enfrentando duras críticas por sua decisão de trazer seu principal campeonato para o Catar, um país que não respeita os direitos humanos e tem diversas leis contra os visitantes da Copa. Diversas regras e leis foram compartilhadas pelo Catar para os visitantes, incluindo questões como liberdade de imprensa, protestos de rua e os direitos dos visitantes LGBTQIAP+.
Algumas marcas estão protestando contra a Copa do Mundo de 2022 estar sendo realizada no Catar. A Pantone e a BrewDog lançaram essa semana duas campanhas polêmicas afirmando vários problemas graves de desrespeito aos direitos humanos, envolvendo mulheres e a comunidade LGBT+.
A proibição do álcool gera um enorme problema para a Budweiser
A proibição do consumo de álcool parecia se aplicar apenas aos torcedores que assistiam aos jogos. Cerveja e outras bebidas, incluindo champanhe e uma variedade de vinhos, ainda estarão disponíveis nas luxuosas suítes do estádio reservadas para dirigentes da FIFA e outros convidados ricos.
A decisão de proibir a cerveja ocorre uma semana depois da ação anterior que determinava que dezenas de barracas com a marca da Budweiser fossem transferidas para locais mais discretos nos oito estádios da Copa do Mundo, longe das grandes multidões que assistiriam aos jogos.
O Catar tem lutado com o tema do álcool desde que o país recebeu os direitos de sediar a Copa do Mundo em 2010. O álcool está disponível no país, mas as vendas são estritamente controladas. A maioria dos visitantes, mesmo antes da Copa do Mundo, tinha permissão para comprar bebidas alcoólicas apenas em bares de hotéis de luxo e a preços extraordinariamente altos.
Os organizadores da Copa do Mundo estão tentando acalmar a Budweiser e sua controladora corporativa, a multinacional Anheuser-Busch InBev, afirmando: “os organizadores do torneio apreciam a compreensão e o apoio contínuo da AB InBev ao nosso compromisso conjunto de atender a todos”.
A Budweiser, que foi pega de surpresa pelas mudanças do Catar em sua estratégia de vendas para a Copa do Mundo, não publicou nenhuma resposta ao acontecido. A única declaração pública da empresa foi irônica de sua conta no Twitter, que escreveu: “Bem, isso é estranho…”. O tuíte foi deletado cerca de 90 minutos depois, pouco antes da divulgação do comunicado da FIFA. Confira:
A Budweiser, que paga à Fifa US$ 75 milhões para cada ciclo de quatro anos da Copa do Mundo, disse que estava trabalhando com os organizadores para realocar os pontos de concessão para locais conforme indicado. O plano mais recente busca a possibilidade da substituição de toda propaganda elaborada para a marca sem álcool da Budweiser, Budweiser Zero.