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Spring Breakers: vulgar sem ser sexy

Imagine atrizes famosas entre o público juvenil, “celebridades Disney” mesmo. Imagine um filme bonitinho com essas atrizes, tudo cor-de-rosa, tudo em harmonia… Imagine príncipes encantados vindo ao encontro dessas garotas e um final feliz.

Imaginou? Isso é o que não acontece em Spring Breakers.

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Spring Breakers é a negação do status em que seus atores principais se encontram no mundo real e também em suas interpretações. Se você está acostumado a ver, por exemplo, a angelical Selena Gomez cantando suas angústias adolescentes ou atuando em Os Feiticeiros de Waverly Place ou, ainda, Vanessa Hudgens cantando em High School Musical, Harmony Korine (diretor do longa) vai te colocar numa completa zona de desconforto – e isso é o que mais tem gerado descontentamento por parte dos verdadeiros fãs das estrelinhas adolescentes que participam do filme, principalmente Selena.

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O que se vê, desde o começo, é uma cobiça pela ostentação. Pois é, não pense que ostentar é ato restrito do funk brasileiro. Pode-se pensar que, justamente por isso, Spring Breakers é vazio, mas não é. O que vemos na tela é a exposição do que se passa na cabeça de muitos jovens americanos ou de qualquer outra parte do mundo. O filme conta a história de quatro garotas que querem sair da mesmice de suas vidas e curtir as férias na “zoeira” de um daqueles famosos spring breaks, onde jovens se encontram, ouvem música, fazem sexo, usam drogas, gastam dinheiro e postam tudo no Facebook. Cada uma delas está disposta a fazer qualquer coisa para conseguir o dinheiro e viajar até um desses encontros.

O filme já começa assim:

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Encontramos as enfants terribles praticamente o tempo todo em festas de cair o queixo. Não querendo levar a discussão para um tom moralista, pois o que digo é apenas a descrição generalizada das festas que vemos em Spring Breakers, mas ali as pessoas vão para a cama com qualquer um, bebem o que aparece à sua frente, cheiram e fumam qualquer coisa que proporcione essa possibilidade de uso. Politicamente corretos, fiquem longe. Este é um filme estranho. E tudo fica ainda mais estranho quando entra em cena o personagem de James Franco – irreconhecível, por sinal. Ele é um rapper-gangster-motherfucker que é a encarnação de tudo que as garotas querem nelas e para elas: ele tem dinheiro, fama, armas, todos a seus pés, faz o que quiser, quando quiser, com quem quiser, é influente, manda num pedaço da região… enfim, um infinito do que elas veem como qualidades.

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É exatamente neste momento que percebemos como uma mente pode ser inadvertidamente vazia. As garotas são completamente seduzidas por esse rapper e decidem ficar por lá e aproveitar tudo que ele lhes oferece. Nesse meio tempo, Selena encontrou seu caminho da paz. Fiquem calmos, fãs. O que se desenvolve entre as três e o badass é um verdadeiro exemplo de devoção, que é efetivamente legitimada só lá nos minutos finais. A relação entre eles vai cozinhando em fogo brando, com repetições – literais – e momentos inesquecíveis. Harmony Korine consegue harmonizar (ops, trocadilho) armas e violência com uma música lenta de Britney Spears ao fundo (!). A melhor cena.

Sim. Esse é o James Franco.

Prepare-se para ver uma explosão de cores, um ritmo não-linear durante o filme inteiro, com momentos frenéticos, verdadeiras viagens, seguidos de momentos melancólicos, que revelam a verdadeira natureza dos personagens e do que o filme quer realmente transmitir. Elas estão perdidas e não querem nada além da felicidade. A vida é perfeita nessas condições, sem conceitos moralmente aceitos por uma sociedade que se julga desenvolvida e esclarecida. Para elas, felicidade é fugir das asas dos pais, é ser subversivo, jurar devoção a um ídolo que acabaram de conhecer. E esses são os ídolos de hoje em dia mesmo.

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Para ser feliz e se encontrar é obrigatório, em Spring Breakers, se perder e se encaixar no que parece tentador.

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