Nos últimos 7 anos eu falei com muitas empresas do ramo da alimentação e conheci alguns dos maiores executivos do Brasil no setor intimamente. Tão intimamente a ponto de desejar me afastar da grande maioria deles por um motivo simples. A maioria não passa de um bando de homens (brancos, cis e heterossexuais) que já nasceram com grana e entendem quase nada sobre pessoas pobres, ou seja, a maioria dos seus funcionários.
Por este motivo não me surpreendo nem um pouco em ver as declarações exacerbadas de pessoas como o Junior Durski (Madero) ou Alexandre Guerra (Giraffas). É o mais puro reflexo da falta de empatia e desespero por dinheiro que é tão comum diante de um mercado que tangibiliza o sucesso basicamente em lucro.
Sabendo que toda generalização é burra por pura lógica, eu vou me direcionar apenas a estes dois senhores que tiveram a ousadia de colocar para fora os anseios de milhares de executivos. Vão para atrás dos balcões dos restaurantes de vocês.
É isso. Vão atender os clientes nas mesas, vão pegar ônibus lotados até o trabalho, vão levar duas horas para atravessar a cidade e, principalmente, vão viver com o salário que vocês pagam para que as pessoas passem o dia todo de pé correndo riscos pela sua saúde e a de seus entes queridos. É um desafio. Embora não devesse ser, afinal, a empresa é de vocês.
Depois que saírem do pedestal de homens bondosos que dão empregos a pobres coitados e viverem durante quatro meses como funcionários de si próprios, vocês não vão falar mais um décimo do que estão falando. É muito fácil dizer que Home Office é tranquilidade com o dedo em riste, da tranquilidade de poder fazer Home Office o quanto quiser, por quanto tempo quiser e ter um plano de saúde para poder ir até o Albert Einstein caso ocorra algo grave.
Aqui eu encerro meu direcionamento aos empresários do Madero e Giraffas e falo para quem puder interessar. Vocês acham mesmo que alguém tem que arriscar a vida para cumprir o trabalho que designaram a elas sob o risco de perder o emprego e passar fome?
Um funcionário atrás do balcão pode não ter todo o estudo, mas é do dia-a-dia deles lidar com adversidades, falta de grana e desemprego. Sabe quem não está nem um pouco acostumado com isso? Vocês.
A esses funcionários eu deixo aqui toda a minha admiração. Além de todos os problemas graves que estamos enfrentando, o que essa crise do Coronavírus mostra é que sem mão de obra, nenhum engravatado consegue fazer nada. Quando a mão de obra barata para, a economia para. E quando a economia para, empresários dão show nas redes sociais. E é aí que a gente conhece o real caráter de cada um.
Atualizado em 25/03/2020 às 16h11 – O Giraffas entrou em contato com o Geek Publicitário e informou que Alexandre Guerra não responde como porta-voz da empresa, mas sim Carlos Guerra, pai de Alexandre. Apesar disso, o perfil de Alexandre Guerra no Linkedin informa que ele trabalha na empresa como conselheiro. Por este motivo, alteramos o título do texto para não induzir nosso público ao erro.
A rede também enviou ao Geek Publicitário um link para um vídeo com o posicionamento do Sr. Carlos Guerra. Para assistir, basta acessar este link. No vídeo ele ainda informa que entrou em acordo para que o filho deixe o cargo de acionista da empresa e do Conselho de Administração.