Na última semana a BETC realizou o que eu consideraria uma das pioras manchas à sua recente história no Brasil contratando José Boralli. O executivo, que havia sido demitido da Africa após comentário considerado preconceituoso sobre nordestinos em seu Instagram, foi anunciado como o mais novo Managing Director da companhia no último dia 8 de agosto, mas já deixou o cargo.
Qualquer um consideraria a contratação analisando o tamanho do estrago feito pelos comentários pessoais do profissional à Africa. Mas aparentemente ainda assim a direção da BETC achou que valia a pena pagar para ver. E viu. Mesmo após proibirem seus funcionários de falarem com a imprensa sobre o caso, uma fonte do Geek Publicitário nos disse que funcionários chegaram a distribuir cartazes dentro da companhia pedindo a saída do executivo.
A BETC chegou ao Brasil há pouco tempo, em 2014, e tinha um projeto bem promissor por aqui. Uma das coisas que mais chamou a atenção foi o compartilhamento da gerência da companhia entre um homem e uma mulher, em um mercado tão machista. Mais tarde a agência chegou a realizar trabalhos com a diversidade como foco para a eQuilibri e GPA, por exemplo.
O episódio deve por um ponto final nas possíveis novas oportunidades de Boralli em um papel de destaque dentro do universo da comunicação e ainda manchar a marca BETC por um bom tempo. Mas mais que isso, é um grito de milhares de funcionários de baixo escalão da publicidade dizendo que não aguentamos mais. E essa é mais uma batalha vencida em uma guerra que está longe de terminar.
O Geek Publicitário entrou em contato com a BETC e como resposta recebeu apenas a mensagem padrão que a agência já havia dado para outros veículos e que reproduziremos na íntegra abaixo:
“De forma consensual, a BETC/Havas e o publicitário José Boralli decidiram não dar sequência a sua contratação. A BETC/Havas escolheu José Boralli por sua capacidade profissional e currículo reconhecido no mercado publicitário, e Boralli reconheceu a oportunidade que lhe foi apresentada para trabalhar em uma agência como a BETC/Havas. Entretanto, ambas as partes concordaram em não seguir adiante com a relação por entenderem que não havia condições operacionais”.