O todo-poderoso rapper Kanye West está prestes a lançar CD novo e a expectativa é grande, como sempre. Uma de suas novas músicas é um ataque direto ao sistema penitenciário dos EUA. De acordo com os boatos, Yeezus, uma mistura de Yeezy (seu apelido) com Jesus (!), chega às lojas dia 18 do próximo mês, mas já está causando o comum burburinho quando o assunto é Kanye.
Alguns dias atrás, sr. West divulgou duas músicas novas: New Slaves e Black Skinhead, no famosíssimo Saturday Night Live – ou SNL. Black Skinhead tem uma levada rock, com vocais pesados e, literalmente, nervosos. Kanye West parece estar puto e dispara seus versos em um clima soturno, cheio de sombras e projeções que obviamente criticam o american way of life, além de imagens da Ku Klux Klan. Coisa séria.
Mas o trunfo maior de Kanye West, não querendo desmerecer Black Skinhead, muito pelo contrário, até mesmo porque a sonoridade da música é bem diferente e agrada a quem curte suas músicas, fica por conta de New Slaves. A música tem um pouco menos de egocentrismo e ostentação (nas letras e não na divulgação, que eu vou falar daqui a pouco) comuns à sua música. New Slaves, com seu alto teor crítico, despeja em seus versos denúncias sobre o sistema penitenciário norte-americano mantido por empresas privadas.
Com versos como “Meanwhile the DEA / Teamed up with the CCA / They tryn’a lock niggas up / They tryn’a make new slaves / See that’s that private owned prison / Get your piece today.” (em tradução livre: Enquanto isso a DEA se juntou com a CCA. Eles estão tentando trancar os negros. Eles estão tentando fazer novos escravos. Veja que é essa prisão privada. Pegue seu pedaço hoje), o rapper fala diretamente que os Estados Unidos querem formar novos escravos com um sistema que é falho e duramente criticado. A propósito: DEA significa Drugs Enforcement Administration e CCA significa Correction Corporation of America, o sistema de prisões privadas.
Mas qual a relação entre escravidão e as prisões? Pois bem, as grandes empresas, desde call centers, passando por fabricantes de armas e companhias de varejo, usam os detentos como mão-de-obra barata. Os detentos costumam ganhar mais ou menos 25 centavos por hora e quem se nega a trabalhar vai para a solitária. Ou seja, esses trabalhadores são nada mais do que novos escravos, como Kanye denuncia, e pode servir como mecanismo para incentivar as prisões. Oras, se os trabalhadores presos custam menos… E saibam que essa história acontece também com imigrantes que são presos.
Mais para o fim da música, Kanye se vinga dos grandes empresários que estão por trás desse suspeito sistema e canta versos que falam sobre sexo com suas esposas nos Hamptons. Claro que não faltaria o tom sexual.
O controverso cineasta Michael Moore – diretor de documentários que cutucam os Estados Unidos e mostram todos os podres do país, como Fahrenheit 11/9 (quem ainda não viu, trate já de ver) – elogiou no Twitter a atitude de Kanye West, por ter cantado essa música em um programa de enorme audiência e, além de tudo, no próprio território norte-americano. “Uau, Kanye! Fez isso na TV? Incrível. ‘Nós somos os novos escravos'”.
Para divulgar New Slaves, Kanye West instalou projetores em cidades como Berlim, Nova York, Londres e Paris, em que o rapper aparecia trovando seus mais novos versos. Ele não perderia a oportunidade se aparecer mais um pouco, né?!
Veja uma das projeções:
E a apresentação no SNL: